vitor pascoal baiao amarante piloto
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Vítor Pascoal cresceu habituado ao barulho dos carros, à adrenalina, ao perigo e à sujidade dos ralis. No concelho de Baião, perto da sua casa, o rali tinha uma presença marcante, que ajudava a cimentar o “bichinho” dentro do baionense.

Em Loivos do Monte, de onde é natural, o rali é uma uma realidade desde que se lembra, no entanto os pais de Vítor Pascoal não esperavam que o filho seguisse este caminho. “Os meus pais tinham a casa muito perto de onde era a classificativa, desde pequeno que costumava ir ver o rali, mas os meus pais imaginam vir a ter um doutor ou engenheiro…”, partilha, entre risos, acrescentando que “quando lhes falei disto quase cortavam os pulsos”.

No entanto, o gosto pelo modalidade e o espírito aventureiro fizeram Vítor Pascoal ganhar confiança e seguir o seu sonho. “Na escola lidei com alguns colegas mais velhos que começaram a fazer o campeonato nacional de iniciados, mais tarde, também consegui”.

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Desde as primeiras corridas que começou a notar “uma aptidão natural para o rali. Na primeira corrida acabei por desistir, mas na altura andamos logo nos dois lugares da frente, a partir daí comecei a perceber que tinha condições para seguir em frente e os resultados foram aparecendo”. A par disso, o piloto foi também sentindo o impacto financeiro que o mundo das corridas implicava.

“Era preciso ter dinheiro para termos as melhores coisas e percebi que havia alturas em que estava muito limitado, mas acreditei sempre e também tive gente que acreditou muito em mim. Sei que, por vezes, estive no sítio certo à hora certa”, partilha.

Vítor Pascoal vive em Amarante e confessa que as corridas tornaram-se um “vício. Desde 1994 que tenho feito os campeonatos todos. Chega a um ponto em que já é um vício, é um hábito, a última corrida foi em novembro e já sinto falta de corrida, sinto falta da adrenalina, stress, incerteza…”.

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Com o passar dos anos, a família acabou por se “habituar. Nunca gostaram muito, não se opunham, sempre tiveram medo, também por ser filho único, mas fomos ultrapassando e acabou por não interferir mais nas minhas decisões e em todos os passos que dei”.

Atualmente, Vítor Pascoal é pai de uma menina de seis anos que já tem demonstrado interesse pela modalidade. “Nunca irei incutir nada aos meus filhos, mas se ela demonstrar interesse claro que vou apoiá-la, e a verdade é que ela já gosta de andar de Moto Quatro. Breve estou na reforma e alguém tem de seguir os passos, depois leva-me ela ao lado”, afirma em tom de brincadeira, consciente de que financeiramente é um ramo “difícil. Envolve muito dinheiro, mas é lógico que dentro das minhas possibilidades pode contar comigo”.

Durante o seu percurso, Vítor Pascoal partilha ter sentido na pele as dificuldades económicas da área. “Dificilmente em Portugal conseguimos dizer que somos profissionais, vamos chamar de semi-profissionais, mas toda a gente tem de se virar para outros lados”.

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Contudo, recorda o auge da carreira entre 2005 e 2011. “Tive 85% do tempo dedicado às corridas, quando estive envolvido com o projeto da Peugeot, isso obrigou-me quase a tempo inteiro a estar dentro do campeonato”, relembrando também a época em que trabalhou na Sazuli e conseguiu, através da Faprel, patrocínio. “Aí surgiu uma hipótese de entrar no nacional e de me patrocinarem no primeiro ano e, com os resultados que apresentei, abriram-se outras portas e gastava os dias de férias e mais alguns para treinar”.

Esta é a vida de Vítor Pascoal desde os 19 anos e quando questionado se gostava de mudar algo afirma: “Se voltasse atrás não mudava nada e volta a dedicar-me a esta área, lutei muito por isto e acreditei. Acho que com esta idade já somos muito poucos a nível nacional”.

Antes de chegar à reforma, o baionense sonha voltar a fazer um campeonato num “bom carro de rali” e repetir o campeonato nacional de todo o terreno. Para terminar, Vítor Pascoal deixa um agradecimento aos patrocinadores e garante que: “sem eles não tinha conseguido nada”.

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