A Presbiacusia é uma perda auditiva neurossensorial, gradual, bilateral e simétrica, associada ao envelhecimento, causada pela degenerescência progressiva das estruturas da cóclea e vias auditivas centrais. Estima-se que atinja mais de metade da população acima dos 70 anos. Os principais factores de risco são a exposição a ambientes com níveis elevados de ruído e questões de natureza hereditária. O consumo de alguns medicamentos, a realização de quimioterapia, hábitos tabágicos e doenças como a hipertensão arterial e a diabetes também aceleram a perda de audição ao longo da vida.
Em condições normais, o ser humano é capaz de ouvir frequências entre 20 Hz e 20000 Hz. Durante a fala, utilizam-se sons com frequências entre 250 Hz e 4000 Hz. As vogais situam-se nas frequências mais baixas e as consoantes na gama mais alta deste espectro.
Na presbiacusia, a perda auditiva é maior nas frequências acima dos 2000 Hz. Os doentes com este tipo de surdez referem serem capazes de ouvir quando alguém está a falar, mas não de entender o que está a ser dito, isto deve-se à perda de informação dos sons das consoantes. A dificuldade auditiva é maior na presença de ruído de fundo.
A maioria dos doentes encara algum grau de perda auditiva como inevitável e não tratável e, por isso, demora vários anos a procurar ajuda médica. No entanto, a presbiacusia quando não é reconhecida e tratada pode levar ao isolamento social e contribuir para o desenvolvimento de quadros de depressão e demência.
Qualquer pessoa que sinta algum grau de perda auditiva deve procurar um médico otorrinolaringologista. Na consulta, o ouvido é avaliado, são excluídos quadros de infeção ou inflamação, lesões ou acumulação de cera e são requisitados exames auditivos que irão determinar o tipo e a gravidade da surdez.
Não existe nenhum tratamento que previna ou cure a presbiacusia. O uso de aparelhos auditivos poderá ajudar a melhorar a capacidade auditiva e a diminuir a percepção do zumbido muitas vezes associado.
Nos casos em que a perda auditiva é profunda principalmente se bilateral, e quando o aparelho auditivo não é solução eficaz, existe a possibilidade de recurso à implantação coclear. O implante coclear envolve a colocação de um conjunto de eléctrodos dentro do ouvido interno que vão estimular os neurónios responsáveis pela interpretação dos sons.
Anita Cunha
Médica Otorrinolaringologista