Criada no ano de 1807, a Banda de Música da Lixa é das mais antigas do norte do país. Rosa da Silva é, atualmente, a presidente e, em entrevista ao Jornal A VERDADE, falou dos desafios de estar ao “leme” de uma banda com mais de 215 anos, que se mantém ativa e com “gente jovem” nas suas fileiras.
Uma “casa com muita história”, e que Rosa da Silva se orgulha de ser presidente. “Era secretária há mais de 10 anos e, entretanto, o presidente da banda informou que não poderia dar continuidade por motivos de saúde. Sempre foi um grande presidente, uma pessoa de nome na nossa banda”, recorda.
Era, então, necessário alguém assumir o cargo. Foi divulgado e a direção teve de decidir internamente, tendo surgido o nome de Rosa da Silva, que também era professora na Escola da Banda de Música da Lixa. “É muita responsabilidade, porque é uma banda com muitos anos e com muita história. As pessoas da Lixa têm muito orgulho na banda, o que nos deixa extremamente felizes. Sabemos que as pessoas gostam da instituição”, apontou.
A banda, com cerca de 55 elementos, conta com “músicos jovens”, o que deixa a presidente satisfeita. “Temos vários naipes. Quando temos alunos que querem ingressar na banda, começam pela parte teórica e, depois, vemos quais são os instrumentos que necessitamos. Há sempre o teste de aptidão, para saber qual o instrumento que mais se adequa”, acrescentando que, em muitos dos casos, a paixão pela música vai passando de geração em geração. “Temos pais que depois vêm os filhos e até os netos”, disse.
A escola é “gratuita” para todos os elementos da banda e este é apenas a sua única finalidade. “Poderíamos desenvolver uma escola mais dirigida a todo o público, mas nem eu, como professora, nem o maestro, temos tempo para mais”, referiu.
A ligação de Rosa da Silva à banda surgiu há cerca de 30 anos, mas nunca tocou no grupo. “A necessidade gerou a ocasião, era necessário alguém para ajudar o maestro e eu, com os meus conhecimentos, ajudei na parte teórica e fui-me mantendo”, constatou.
Também o pai da presidente pertence à direção, sendo o tesoureiro. Um homem com “um gosto muito grande pela música”, mas que nunca chegou a tocar. “Vem de uma família muito humilde e acabou por nunca estudar música, mas tem uma paixão tão grande que só falta mesmo tocar”, constatou.
De acordo com a presidente, atualmente, os filhos “conseguem estudar música porque têm um grande acompanhamento parental, porque estudar música é muito difícil, é preciso ser persistente. É preciso ter alguém em casa que incentive. Temos de dar o louvor aos pais que acompanham os filhos que andam a estudar música”, afirmou.
Rosa da Silva garante que é “com orgulho e com uma bandeira bordada” que a Banda da Lixa leva o nome da cidade e também do concelho. “Algumas localidades portuguesas já conhecem a nossa banda”, afirmou, acrescentando que também já marcaram presença num festival internacional de bandas, em Gondomar e também já atuaram na Casa da Música, no verão passado. ”Para nós é um orgulho representar o país para qualquer público”, apontou.
A presidenta garante que o objetivo é “tentar desenvolver o bichinho nos alunos que entram e nos músicos que se mantêm. A banda só é banda porque tem as pessoas humanas por trás, porque só o nome não faz música, precisamos das pessoas para que haja música”, deixando um pedido à população: “que nos continuem a aplaudir e a apoiar, quem tiver crianças que queiram aprender música que os apoiem, a nossa banda tem a porta aberta, é ao sábado à tarde e fazemos gosto que sejam sempre músicos da casa é assim que trabalhamos, com pessoas da casa”, concluiu.
