sardinheiras boassas
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As ‘Sardinheiras de Boassas’ eram conhecidas um pouco por todo o concelho de Cinfães. Mulheres de “trabalho digno” e de “grande coragem e sacrifício” que vendiam “sardinha pelas aldeias do Vale do Bestança, Montemuro, Paiva e Além Douro, calcorreando os caminhos, fizesse chuva ou sol, de canastra à cabeça, apregoando a venda”.

Mulheres respeitadoras e respeitadas que ainda hoje são recordadas com saudade pelos habitantes destes locais. Mulheres que mereceram, no passado sábado, dia 16 de março, uma homenagem, com inauguração de um monumento das ‘Sardinheiras de Boassas’.

Deolinda de Jesus, Maria Augusta Pereira e Arminda Pinto eram as três sardinheiras que estavam presentes. Recordam os tempos de outrora “com saudade”, apesar de lamentarem “os tempos difíceis e a fome” que passaram.

Começaram a vender sardinha, porque “era coisa de família. Íamos com as nossas mães. Os nossos dedos dos pés eram cheios de ‘foguetes’ (feridas) porque andávamos sempre descalças. Nós nascemos e continuamos a viver em Boassas”, afirmaram, em entrevista ao Jornal A VERDADE.

O dia “começava logo cedo” e as sardinheiras iam “até à estrada para ir buscar a sardinha”. Saíam, de canastra na cabeça, para as freguesias que lhes estavam destinadas para vender o peixe. “Cada uma tinha as suas freguesias. Corremos o mundo à roda, a vender sardinhas”, recordam, felizes.

Começaram a trabalhar “muito cedo” e continuaram “até conseguir”. Hoje, com mais de 80 anos, recordam os tempos vividos. “Era um trabalho alegre, era ao ar livre e tínhamos saúde, gostávamos muito do que fazíamos. Passamos muita fome e muitos trabalhos, mas passamos tempos bonitos”, garantiram as sardinheiras.

O trabalho não foi passado à próxima geração, uma vez que a profissão acabou por se perder. Contudo, as ‘Sardinheiras de Boassas’ serão, “para sempre recordadas”, com o monumento inaugurado, de homenagem a estas mulheres.