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Uma das questões abordadas nas consultas de Ginecologia são as relacionadas com a fertilidade. De facto, no final do exame ginecológico e da ecografia realizada no gabinete da consulta, é com alguma frequência que as senhoras me perguntam se está tudo bem, encadeando de imediato a pergunta: «Vou poder engravidar um dia? Eu quero muito ser mãe!». 

Só podemos dizer que um casal é infértil quando praticam relações sexuais desprotegidas sem contraceção durante mais de 1 ano e não ocorre gravidez. E isso só quer dizer que estão a ter dificuldade em engravidar, ou seja, ainda pode ocorrer uma gravidez espontânea! Mas, ao fim desse tempo, todo o casal que o deseje deverá ser encaminhado para uma consulta específica para estudo e tratamento. 

É cada vez mais comum vermos o projeto de gravidez ser adiado – por causas pessoais, sociais e profissionais. Um dos fatores com mais peso na fertilidade da mulher é a idade. Para ilustrar este conceito, podemos dizer que a cada mês, a possibilidade de engravidar espontaneamente é de cerca de 25% para mulheres com menos de 30 anos, 20% depois dos 30 e de apenas 5% depois dos 40 anos. A descida mais abrupta na taxa de fertilidade dá-se pelos 35 anos. 

Ao contrário do que muitas vezes se pensa, os métodos contracetivos mais comuns, como a pílula ou os dispositivos uterinos, acabada a sua utilização, não diminuem a fertilidade. Contudo, esta diminuição parece real para a mulher que engravidou facilmente quando muito jovem e, depois de vários anos a usar contraceção, sente dificuldade em engravidar novamente – mas, na realidade, o que se passa é que os anos que passaram é que lhe condicionam diminuição na fertilidade… 

De uma forma geral, nota-se mais dificuldade em engravidar nas senhoras que fumam e naquelas com alguns problemas de saúde, como a obesidade ou diabetes. Algumas circunstâncias diminuem tanto a fertilidade que até se pode tentar preservá-la. Um exemplo muito comum é o de algumas senhoras podem colher ovócitos antes de iniciar tratamento por alguns tipos de cancro e, depois de ultrapassada a doença, prosseguir para tratamentos de fertilidade com os ovócitos ou embriões obtidos anteriormente. 

Embora o projeto da maternidade esteja longe de ser aquilo que define a vida da mulher, é verdade que é o sonho maior para muitas. Planeie o crescimento da sua família de forma consciente e saudável! 

Dra. Marta Barbosa
Médica de Ginecologia e Obstetrícia na Santa Casa da Misericórdia de Marco de Canaveses