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Dez segundos é o tempo suficiente para colocar as emoções de Inês Braga à “flor da pele”. Começa a contagem e quando está prestes a atingir o número zero, a certeza é só uma: “tenho de dar o meu melhor. Não posso falhar em nada”. É desta forma que Inês Braga, uma jovem natural da freguesia de Alpendorada, Várzea e Torrão, concelho do Marco de Canaveses, descreve a sua estreia no mundo dos desportos motorizados, aos 23 anos.

Inês Braga foi desafiada pelo piloto marcoense, Rui Fonseca, a acompanhá-lo, como navegadora, durante uma prova. Desafio aceite, a dupla estreou-se, em julho, no Penafiel Racing Fest e arrecadou o primeiro lugar na classe tração traseira. Pouco tempo depois, voltou a sentar-se no carro, arregaçou mangas e conquistou o prémio de melhor navegadora classificada em Mesão Frio. Inês Braga saiu do papel de espetadora, colocou-se à prova e concretizou um “sonho. Nunca pensei que fosse capaz de conseguir tal coisa, quem vai ao lado tem muita responsabilidade e muito trabalho, foi um feito muito bom. Acabei com a sensação de: ‘eu consegui’”.

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“Exausta” é como se sente no final de cada prova e a energia torna-se escassa. “Há uma descarga de adrenalina que nos deixa ‘KO’, passamos o dia sentados mas temos um cansaço psicológico e físico imenso. É preciso ter uma preparação física muito boa. Depois de uma prova só queremos tomar banho e descansar”, partilha.

Em conversa com o Jornal A VERDADE, Inês explica que navegadora é ser “o guia” e o “braço direito” do piloto. “Analisamos as cartas de controle, sabemos as ligações, cantamos as notas, isto é, as indicações que damos durante a prova ao piloto. Temos de saber os reconhecimentos oficiais, onde estão os itinerários, ligações, entre outras coisas, também é preciso ter a velocidade em conta porque nós temos limites de velocidades e não podemos falhar se não somos penalizados”, explica.

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Durante as provas, Inês Braga vai “vestida” com o “amuleto da sorte”: o batom vermelho, um acessório que se tem tornado a imagem de marca da jovem. “Levo também um terçinho que me foi oferecido por uma colega minha, mas o terçinho ninguém sabe, o batom toda a gente vê”, partilha, entre risos.

Nas provas, Inês conta ainda com o apoio da família que sente, acima de tudo, “preocupação. A minha família não é ligada ao desporto automóvel, por isso, a única reação deles foi preocupação que eu me magoasse, mas claro que tenho o apoio deles”.

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Num mundo ainda dominado por homens, a jovem partilha que foi “bem recebida”. No entanto, considera que “as mulheres são desvalorizadas e têm menos apoios, nós somos tanto ou mais capazes que os homens”, garante.

Daqui em diante, Inês Braga quer continuar a fazer provas porque “só assim vou evoluir. Neste momento quero apenas isso, evoluir muito”. De momento, tem conciliado a vida profissional com as provas e garante que tem “segurança dos dois lados. A entidade com quem trabalho facilita-me sempre os dias de provas e de reconhecimento, eles são excelentes e acaba por ser um grande apoio”.

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A quem pensa em arriscar, começar um novo hobbie ou mudar de vida, Inês Braga aconselha a “não terem medo. Independentemente de ser mulher ou homem, acreditem em vocês mesmos, lutem pelas coisas que gostam e onde se sentem realmente felizes! É fundamental ter um objetivo, lutar e evoluir para chegar onde realmente queremos chegar. Não tenham medo de arriscar, basta fazermos bem e acreditarmos em nós próprios, podemos fazer parte daquilo que quisermos”.

A terminar, Inês Braga quis deixar uma mensagem: “Agradeço à minha família e amigos que sempre me apoiaram e, em especial, ao Rui Fonseca por acreditar no meu trabalho e me dar a oportunidade de partilhar a paixão automóvel com ele. É sem dúvida um grande piloto no qual tenho orgulho”. 

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