Desde cedo que Marco Cancela, mais conhecido como Dj Cancela, percebeu que a vida profissional passaria pela música, a mesma que entrou na vida do jovem de 25 anos “numa brincadeira. Tinha 14 anos e foi na altura em que as listas se apresentavam nas escolas”, recorda em entrevista ao Jornal A VERDADE.
De uma brincadeira, passou a profissão e foi por volta dos 16 anos que percebeu que “tinha futuro. Na altura era um passatempo, mas agora é a isto que me dedico a tempo inteiro. Tenho uma agência que me organiza a agenda“.
Com o passar dos anos, e com a vivência de novas experiências, conseguiu “conquistar outros públicos” e em 2017 surge a oportunidade de mostrar o trabalho na “maior montra” que teve no mundo da música: a Agrival. “Na altura era um miúdo e foi a partir daí que o trabalho começou a aparecer”, conta.
A inspiração vem “sempre da música”, porque um Dj tem de estar “sempre a ouvir as músicas novas que saem e temos de estar atentos à moda. Mas o meu show é diferente, porque ativo músicas que toda a gente conhece mas com batidas e remixes diferentes que marcam e que diferenciam o Cancela. Não podemos passar só as músicas que gostamos, também temos de nos adaptar ao público e a música varia conforme a faixa etária“. Por isso, quando assiste a um show do Dj Cancela sabe que “vai ouvir coisas diferentes” e pode contar com o “fator surpresa, quer nas músicas, como nos efeitos em palco. Gosto de criar um ambiente envolvente, um show completo e consistente“, garante.
Em todo este processo, confessa que “sempre” contou com o apoio da família, apesar de “no início não terem achado muito engraçado, como é normal, porque o mundo da noite é muito complicado. Mas depois começaram a perceber que eu gostava, começaram a ir ver shows e a apoiar cada vez mais. Aliás, no último, os meus pais apareceram de surpresa e foi bom vê-los ali”.
Ser Dj é resultado de um “trabalho diário e muito consistente” de uma equipa de produção técnica e que, para Cancela, “envolve muito nervosismo sempre que entramos em palco, estejam 50 ou 1000 pessoas há sempre um nervosismo antes de entrar. Foram anos de muito trabalho, sem nunca desistir, nunca seguir os maus caminhos. Agora estou a colher os frutos dessa minha produção na música”.
Confessa gostar “muito” do que faz, mas há três anos viu-se obrigado a fazer uma pausa na carreira. “No dia 20 de outubro de 2020 descobri que tinha um linfoma e, no dia seguinte, já estava internado. Fiz meio ano de quimioterapia, deram-me como curado em abril de 2021, mas passados três meses tive uma recaída. Tive de voltar a fazer quimioterapia e a 22 de agosto de 2022 fiz o transplante e fiquei curado”, conta. O trabalho parou, mas a “paixão pela música” nunca o abandonou. “Quando me sentia melhor ia colocar música, para ‘esquecer’ a doença e desanuviar”.
Quase um ano depois, diz que “um dos maiores sonhos, ter saúde” já foi concretizado e, a partir de agora, “devagar se vai conquistando novas coisas. Tenho também o sonho de levar o meu nome o mais além possível, sendo que em 2024 vou atuar fora de Portugal pela primeira vez. Está tudo alinhado e a programação está feita“, revela.
Nos dias 19 e 22 de agosto, Dj Cancela regressa ao palco da 42.ª edição Agrival, onde tudo começou: “Apareçam nos dois dias, mas 22 de agosto será especial. O ano passado não consegui estar presente, porque estava a fazer o transplante, por isso, este ano, vai ser uma data importante para mim”, é o convite deixado pelo jovem penafidelense.
Todas as fotografias deste artigo são de Francisco Mota
