carla vieira
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Carla Vieira tem 38 anos e, quando era mais nova, tinha o sonho de ser cabeleireira. Os “caminhos da vida” não a levaram para essa área, acabando por abrir uma loja de roupa, a Chikee Favorita, no centro da cidade do Marco de Canaveses. Mais tarde abriu também uma loja de roupa interior. Dezasseis anos depois, Carla tem nesta área “um sonho concretizado” e divide o seu tempo entre a loja física e a vertente online, que iniciou em plena pandemia. Uma mulher “dedicada à família” e com o “desejo muito grande” de ser mãe, afirma que o segredo “é nunca desistir”

A empreendedora garante que, ao contrário de muitos empresários, a pandemia foi “uma fase boa”, porque lhe permitiu abrir horizontes no seu negócio. “Foi um momento para reinventar toda a loja e, graças a Deus, consegui. Aumentamos o volume de vendas, o que foi muito bom”, disse. Para Carla, a área da venda de roupa “não era a área de eleição”, mas, hoje em dia, não se via “a fazer outra coisa. Adoro trabalhar online, adoro estar ativa. Não trocava o sonho de pequena pela minha vida atual, a nível profissional”

Quando se vê longe da loja, a empresária admite que sente “logo falta. Gosto desta adrenalina de trabalhar, estar aqui é bom, acaba por me ajudar a esquecer algumas coisas menos boas que me acontecem na vida”, apontou. 

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Uma dessas situações aconteceu em plena pandemia. A irmã, Liliana, foi internada com um problema de saúde “muito grave” que a levou a ficar em coma 17 dias e mais dois meses no hospital. “Passei noites sem dormir, foi mesmo muito difícil. Estive sempre lá para ela, para os meus pais e para toda a minha família. Foi, sem dúvida, das piores fases da minha vida”, recordou. “Estar na loja, em contacto com os clientes, foi um escape para os problemas”, acrescentou. 

Hoje, a irmã de Carla já está “muito melhor”, embora tenha ficado com algumas sequelas. “Tenho um papel de mãe com ela. Acho que já não nos damos uma sem a outra. Achava que o amor que tinha pelos meus irmãos era infinito, mas depois disto é que sabemos o que é o amor”, afirmou. 

rodape lingerie tentacao e chikee favorita

A empresária não esquece a irmã mais velha, Fatinha, que é o seu braço direito. “Não nos damos uma sem a outra e acho que é este trabalho de equipa que nos mantém cá, firmes e fortes. Somos todos muito unidos”, garantiu. O irmão Pedro é, também, fundamental, estando ao seu lado em todos os momentos. 

Para além de todas as situações difíceis e lutas que travou, Carla Vieira ainda trava uma das “lutas mais difíceis” da sua vida: o sonho de ser mãe. Desde os 23 anos, já engravidou 11 vezes, gravidezes que acabou por perder. “É o nosso maior desejo, meu e do meu marido. A primeira gravidez não passou dos três meses, foi difícil, porque foi a primeira vez, era tudo um sonho. No próprio ano voltei a engravidar e aí foi mais difícil ainda. Consegui levar a gestação até aos cinco meses e meio e na ecografia morfológica a médica disse que o bebé ia ter muitos problemas de saúde, é a minha Francisca, como eu costuma dizer. Fui a vários médicos, mas todos diziam a mesma coisa, que era incompatível com a vida. Foi das piores decisões que tive de tomar”

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Nas próximas gravidezes, Carla achava que “era um castigo por ter tomado a decisão de abortar. Até há muito pouco tempo não me perdoava. Penso nisso muitas vezes, só há muito pouco tempo é que consegui superar isso e pensar que era assim de tinha que ser”, confidenciou. “Abortar no hospital é um pesadelo. Temos de estar deitadas à beira das mães, ouvir o choro dos filhos e nós estamos lá a chorar por não trazer nada para casa, acho que não há cuidado nem sensibilidade”, contou. 

Apesar de todas estas situações, Carla garante que “desistir não é opção”, até porque já fez “todo o tipo de exames e está tudo bem. Ainda não desisti do sonho. Já pensamos numa fertilização in vitro, mas seja o que Deus quiser”

Mesmo que a vida “não tenha sido a melhor amiga”, Carla Vieira tem ao seu lado “um marido fantástico” que a ajuda em tudo o que precisa. “Conciliar a vida pessoal com a profissional nem sempre é fácil, mas ele apoia-me muito”, acrescentado que se considera “uma mulher feliz”

Para as futuras empresárias e empreendedoras, Carla Vieira aconselha a que: “tenham força, coragem e nunca desistam do vosso sonho. Se querem, têm de trabalhar muito, porque o trabalho não chega a nós se estivermos sentados à espera dele, por isso têm mesmo de ter muita força e lutar, lutar pelos sonhos”.