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Atualmente, sabemos mais sobre cancro do que nunca. Os testemunhos são vários, as investigações sobre o tema também, mas a verdade é que ninguém está preparado para receber o diagnóstico. O Dia Mundial do Cancro, assinalado este domingo (4 de fevereiro) é mais do que um dia no calendário, mas sim uma data para alertar a população para esta doença.

Em janeiro de 2016, Olivia Ferreira recebeu um diagnóstico “que não esperava” e que a deixou “assustada”. Passaram oito anos, mas o dia “não se esquece. “Na altura delirei, não estava bem e só queria fugir. Foi o susto e a ansiedade, tudo junto”, recorda.

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Seguiram-se “oito sessões de quimioterapia” e, ainda hoje, se recorda da última vez que teve de passar pelo tratamento. “Não sei o que tinha, apetecia-me arrancar aqueles fios todos e caminhar pelo corredor adiante. Mas liguei a uma amiga e disse-lhe que não sabia o que tinha, só chorava e estava com ansiedade, ela apoiou-me muito nessa altura. Estava num a ansiedade terrível. Só quem passa é que sabe”.

Durante todo o processo, e apesar de tentar manter-se “sempre forte”, existem momentos “mais frágeis”, mas para os ultrapassar a marcoense contou com “muito apoio da família e amigos”.

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“Eu não queria morrer, gosto muito de viver”

Cerca de três anos depois, Olivia Ferreira voltou a passar por um momento “complicado”. No ano em que a COVID-19 chegava a Portugal, o marido sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC). “Esteve três meses em coma, foi horrível. Os médicos diziam que não sobrevivia. A enfermeira Rosália – gosto muito dela – vinha a nossa casa e dizia que eu era uma enfermeira para o meu marido”, conta.

Os “vários problemas” até então não a fizeram “desistir da vida” e foi nos Tiktoks que encontrou o “passatempo preferido. A minha filha começou a mostrar-me e eu dizia ‘tens de me explicar como é que isso se faz, porque adoro isto’. Primeiro começou a fazer ela, explicou-me e dizia ‘mãe já sabes melhor do que eu’“.

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Com 2177 seguidores naquela rede social, confessa gostar “mesmo daquilo. É uma forma de me divertir e de não pensar em problemas. Tenho dias em que não faço nenhum, outros faço três ou quatro seguidos, sobre qualquer tema. Até tive um vídeo que viralizou, teve 20 mil visualizações”.

O marido, “às vezes”, acompanha a brincadeira. “Ele diz que não quer, mas eu insisto. Ou peço para ele me filmar e ele alinha. Somos o apoio um do outro. Há pessoas que me criticam, mas não me importo, porque é o que eu gosto“, diz a marcoense de Vila Boa de Quires.

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Aos 48 anos, garante que receber um diagnóstico de um cancro “não é fácil, claro que não”, mas é “importante a forma como se encara o problema. Levo sempre em conta um conselho que uma médica do IPO me deu: ‘D. Olivia não vá abaixo, o tratamento já a vai levar a baixo, se a senhora fica triste está tudo estragado’. Eu pensei naquilo e disse ‘realmente ela tem razão. Bora levantar a cabeça, começar os tratamentos, para aquilo morrer’. E estava ansiosa que começassem os tratamentos, porque sabia que enquanto não começasse o bichinho estava lá a crescer”.

As lembranças daquele tempo são de “não querer morrer” e, hoje, Olivia Ferreira não tem dúvidas de que gosta “muito de viver. Adoro. Já gostava de viver, já era alegre, mas depois do cancro a felicidade dobrou, fiquei com mais alegria. Não tenho palavras para explicar a minha felicidade de viver e o meu amor à vida”.

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Curada de um cancro da mama, a marcoense partilha, ainda, um sonho que gostava de ver realizado: “participar num big brother. Já me inscrevi, vamos ver. Adorava mesmo. Eu tenho 48 mas, na minha cabeça tenho 20”, diz ainda com a alegria que a caracteriza.

O Dia Mundial do Cancro é uma iniciativa da UICC (União Internacional de Controlo do Cancro), a maior e mais antiga organização internacional que se dedica a combater o cancro.