fernando barros escultor amarante
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Os rabiscos e pequenos desenhos sempre foram o entretenimento preferido de Fernando Barros, um homem natural de Amarante que dedicou a vida à venda de sapatos de Bragança até Lagos, mas que nunca perdeu o fascínio pela arte.

Em 2006, no dia de aniversário do falecimento do pai, Fernando Barros recriou um postal antigo de Amarante, da zona centro, e por algo que acredita ter sido “divino”, o desenho “calhou bem”, motivo suficiente que o levar a fazer mais. Mesmo assim sentia que não tinha “conhecimento suficiente” e, por incentivo do filho arquiteto, decidiu iniciar estudos na arte aos 55 anos, na cooperativa Árvore, no Porto. 

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Estudou durante três anos e teve oportunidade de se cruzar com grandes nomes da arte, incluindo o artista Alberto Péssimo, com quem aprendeu muito sobre pintura. Se em jovem, os desenhos do amarantino não saiam da toalha de mesa ou dos jornais que apanhava à hora de almoço ou jantar, hoje encontram-se expostas e são procurados fora do país.

Fernando Barros insistiu em agarrar novas ferramentas e acabou por se encontrar na madeira. A primeira obra teve como tema o ‘Cantar das Janeiras’ e a experiência foi tão “agradável” que decidiu avançar para a próxima. “Só posso ter uma obra destas de cada vez, esta peça vai para quatro meses de trabalho e tem um investimento de cerca de mil euros”, confessa. Perante um valor destes, o amarantino partilha que realiza sempre um estudo, porque não se pode dar “ao luxo de deitar mil euros fora”. De momento, desenvolve uma história sobre as invasões francesas e o facto dos amarantinos terem resistido, durante 14 dias, ao invasor. “Faço uma pesquisa, mas todas as figuras são minhas”, destaca.

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Nenhuma obra de arte do amarantino apresenta uma textura muito limpa, pelo contrário, é mais grosseira, já que procura uma “pintura abstrata que fique bem em qualquer lugar, seja durante uma exposição ou na casa de uma pessoa. Procuro que sejam versáteis, porque a arte vive da imagem que não é comum, trabalho em função da natureza da própria árvore”. 

Fernando Barros estuda cada pormenor de cada peça. Nas obras de arte em madeira procura criar uma figura em ambos os lados para que “a peça nunca seja encostada numa parede e desapareça. Trabalho por trás e pela frente que assim ficará sempre numa posição central”. 

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Em paralelo, são também obras de arte “sempre em pé”, isto é, mesmo que receba um toque ou seja mexida, as esculturas são feitas para se equilibrarem. “Às vezes os próprios troncos têm uma boa base, mas, muitas vezes, tenho de lhes fazer uma prótese e a peça ganha vida própria”. 

Para quem decide comprar e levar uma obra destas para casa, o artista deixa um conselho: “é preciso saber cuidar da madeira. Se a madeira apanhar água tem tendência para rachar”, explica. Nesta linha, e através de pesquisa, Fernando Barros criou um “antídoto. Faço um buraco na base para que a madeira fique oca, dessa forma retiro à árvore a capacidade de absorver água e rachar”. 

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De momento, Fernando Barros, em conjunto com Joana Antunes, prepara-se para uma exposição no concelho de Paços de Ferreira, confessando que tem ‘em cima das costas’ cerca de 140 exposições e que ambiciona ter uma loja no Porto.  

Embora esteja a chegar aos 73 anos, Fernando Barros não perde a garra e tem dois sonhos em mente: expandir o negócio e experimentar trabalhar com pedra. 

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