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Esta quarta-feira, 8 de março, comemora-se o Dia Internacional da Mulher, uma data que visa celebrar os direitos que as mulheres conquistaram até ao dia de hoje, relembrando o caminho para a igualdade.

Uma data à qual Judite Freitas, diretora do projeto Caerus CLDS Marco de Canaveses, não fica indiferente. Em entrevista ao Jornal A VERDADE, partilha o testemunho “como mulher e técnica social. A minha maior preocupação é que este dia continue a ser assinalado para chamar a atenção para as desigualdades que continuam a existir em todo o planeta e também no nosso país”, começou por dizer. 

Resultado da prática profissional, Judite Freitas identifica as diferentes oportunidades e as desigualdades de oportunidades” que ainda se fazem sentir atualmente. Entre elas, “a desigualdade salarial e de ofertas de formação. A taxa de desemprego feminina, na nossa população, continua a ser das maiores. Ouvimos também relatos  sobre violência familiar, assédio e violência nas relações de intimidade, violência doméstica”.

Problemas para os quais, na sua opinião, “não queremos olhar e quando queremos celebrar os aspetos mais positivos de ser mulher esquecemo-nos desta faceta. Mas é para isso que existe este dia”, garante.

A luta a que se refere é já uma luta “de muitos anos” e que se estende também à figura masculina. “Esta luta nunca foi feita só por mulheres. Houve seres humanos extraordinários que reconheceram a sua necessidade. Por isso, todos têm um papel para este dia, não apenas as mulheres”.

No entanto, Judite Freitas alerta para o papel da mulher nesta mudança. “Se não forem as mulheres a ter consciência dos seus direitos, a luta e o trabalho vão ser muito mais difíceis”, frisa.

Para a diretora, a persistência das desigualdades pode ser resultado de diferentes experiências de vida. “O que verifico é que em determinadas fases da vida as experiências tiveram um peso diferente e que se calhar elas têm tentado construir alguma coisa. Quando já não conseguem construir para si próprias, em termos de emprego, formação, nas relações familiares e nas relações de igualdade, tentam defender as suas filhas e filhos e, nesse sentido, acho que há alguma diferença, mas por algum motivo continuamos a assistir a taxas tão alarmantes”, sublinha.

Ao longo da sua experiência profissional teve contacto com diferentes pessoas e histórias, mas há uma recente que a marcou e que tem sido o seu “alento nos últimos dias. No âmbito da comemoração do dia da mulher uma empresa marcoense quis oferecer simbolicamente uma oportunidade a uma criança mulher. Sugerimos uma menina que tinha o sonho de continuar a ter aulas de ballet, mas que por motivos diversos deixou de ter essa oportunidade. Era um sonho dessa criança, que depois de receber esta oportunidade, deixou uma mensagem marcante: ‘lembrem-se que são capazes, que têm em vós tudo aquilo que precisam para serem aquilo que quiserem. Em tantas meninas fui a escolhida, por isso vou aproveitar isto’”, recorda.

Judite Freitas vê nos mais jovens o futuro para contrariar os números atuais, mas reconhece que os mesmos “têm sido confrontados com muitas questões sobre a igualdade de género. Não sei até que ponto não há uma confusão entre o que é a luta pela igualdade e a igualdade de oportunidades. Quando lhes explicamos que estamos a falar de igualdade de oportunidades acho que percebem de uma forma diferente. Nesse sentido, há um caminho mesmo muito longo a fazer”, garante.

Uma perspectiva que tenta passar também enquanto mãe. “Ainda hoje dei os parabéns ao meu filho, porque espero que seja um ser humano capaz de lutar pelos direitos daqueles que estão numa situação de desigualdade ou de injustiça, incluindo as mulheres”.

A todas as mulheres e homens, a mensagem é clara: “se gostam e se sentem bem a combater as injustiças e a lutar por um mundo mais igual e mais justo, continuem a assinalar este dia e estar atentos a estas desigualdades”.