justica ou injustica
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“Justo que é justo, nunca poderá ter calma. Tem sabor amargo, do não retorno da justiça, justa, conselheira, que o acalma. E tanto, que a aclama! Mas que, imensas vezes, o mesmo retorno não tem. Nem se deita na mesma cama.”

A justiça convive com o mando e desmando da injustiça. Uma se contrapõe à outra, em dois polos contrários. Numa dualidade, oposta e contraposta, na tentativa de existir e gerar equilíbrio. E desse equilíbrio, entre duas opções, reside a escolha, da que se vai praticar. Como reino e império, cultivado em nós… Mas se somos justos. Se lutamos pela defesa da justiça, semeando o trigo justiceiro, do que é ser-se justo, a injustiça nasce em que lugar? Impõe-se, no reverso da moeda, no, injustamente, injusto, de alguém, justo e reto, que terá, de com ela levar. 

Porque, a injustiça é lançada aos justos. Semeada, em grãos doestos, injustamente, atirados nos terrenos férteis, da justiça. Nos campos lavrados, da retidão. Em jardins floridos em grandeza do direito e da integridade. Ou então, a injustiça vem, como uma foice, ceifar a colheita desses solos, retos e de valor. Colhendo e recolhendo, o que lá se plantou. Ceifando o, elevado e nobre, esforço da justiça prosperar. Criar raízes, fortes e robustas, para proliferar. Numa multiplicação vasta e longínqua de valores, pautada pela justiça. E desse corte dilacerado da injustiça, a justiça fica soterrada e amputada. Sem o poder, de dar fruto ou rendimento. Resultado ou consequência. Em virtude dessa forma déspota, da injustiça agir. Do jeito dela se governar. Que se governa, desgovernando os justos e íntegros. Que por ela, não se praticam. Dela não se adequam. E da sua máfia de injustiça, não se deixam cultivar.

E no mundo injusto, para o justo. Vive-se assustadoramente, na soberania da injustiça. Na falta de aplicação de justiça. Na escassez de ser e ter justiça. Que por aí anda parando e pairando. Impregnada nos poucos, que têm vontade acérrima de a agarrar, defender ou praticar. E, então, a injustiça da vida, das pessoas e do mundo. De tudo e de todos, se alastra, como uma avalanche negra. Ao somente se enxergar o que se quer, apenas e só, em seu próprio bem. Mesmo que o seja, completamente injusto, em detrimento de tudo o resto, dos outros e todos, os demais. Só interessa a única justiça (injusta), apenas justa, para si, como bem lhe convém. E assim, a justiça minga. Seca e desaparece. Não se dissemina. Não procria. Não floresce. 

E a cada dia, injusto de injustiça. Justo, tão pouco, de justiça. A injustiça se assenta e domina, na ausência da prática, de justiça. Com a injustiça, levam os que são justos e retos, dos que não querem saber de injustiça. Estes o são, tão injustamente, injustos, em atos, em palavras, ações ou considerações. E nesse contexto, devia a presença de justiça chegar sem demoras. Sem atrasos. E ficar! Justamente, justa, para quem se veste de justiça. E por ela se senhoreia, no coração e na alma. Porque justo que é justo, nunca poderá ter calma. Tem sabor amargo, do não retorno da justiça, justa, conselheira, que o acalma. E tanto, que a aclama! Mas que, imensas vezes, o mesmo retorno não tem. Nem se deita na mesma cama. 

Texto de Lúcia Resende