O Café Desportivo e o S. João andam de mãos dadas desde o início das marchas. Há 25 anos que nesta noite “especial” para a freguesia de Alpendorada, Várzea e Torrão, em Marco de Canaveses, o restaurante coloca mesas no exterior, ilumina o espaço e serve as tradicionais sardinhas aos clientes que acompanham o desfile das marchas.
A casa foi fundada há 50 anos por António Barbosa e Maria Pinheiro, os pais e sogros de Hilda e Fernando Moreira, o casal que assume, atualmente, o Desportivo.
Em tempos de outrora o café começou por se chamar “Alpendorada”, os anos foram passando e os próprios clientes atribuíram um nome diferente ao espaço. Fernando Moreira conta que “o meu sogro foi diretor do Futebol Clube de Alpendorada e os jogadores, árbitros, diretores vinham cá lanchar”. Entre conversas à mesa do balcão, os clientes começaram a dizer “que isto devia ser o Desportivo”. Num processo natural, António Barbosa acabou por adaptar o nome e, assim, homenageou o clube da terra.
António Barbosa e Maria Pinheiro estiveram emigrados durante alguns anos na Venezuela. Quando regressaram decidiram concretizar um “sonho” e abriram um negócio focado em tapas, lanches, diárias e as famosas moelas. “Até quem não costuma pedir entradas, opta pelas nossas moelas que vêm de uma receita da nossa bisavó”, diz a filha do casal, Andreia.
Ao fim de 25 anos, Hilda e Fernando continuam com “o mesmo gosto pela casa” e, em conjunto, com os dois filhos e os funcionários têm prezado pela “qualidade” do espaço e da ementa. Hilda Moreira chegou a Portugal tinha apenas dois anos e trabalhou a vida toda no Desportivo, Fernando juntou-se ao negócio depois do casamento. A pasta passou de uma geração para outra e o objetivo é manter o legado. “Já não conseguia estar fora daqui, a minha mulher nasceu aqui e eu fui adotado”, diz o proprietário.
Para além de ser um negócio de família, é também uma “casa familiar. Existem clientes que param aqui desde que abriu”. Aos mais velhos, juntam-se, os filhos, netos e bisnetos.
Apesar de manterem a tradição, os proprietários prezam pela “inovação”. Um dos “boom’s” do Desportivo decorreu durante o Festival da Francesinha do Marco, quando introduziram a “rainha” realizada em forno de lenha, o prato que trouxe pessoas de “fora”. A par disso pode ainda provar grelhados mistos, bife, naco, espetada, anho e vitela, picanha, bacalhau.
“O S. João foi sempre importante para o Desportivo”
O Desportivo é o café mais antigo aberto atualmente e tem acompanhado as marchas desde o início. “Quando começaram as marchas nós fomos os primeiros a colocar mesas na rua, éramos os únicos”, conta Fernando Moreira.
“As marchas acabavam à meia noite e nós começávamos a servir jantares de novo, as pessoas saiam de lá, vinham com fome e comiam aqui, não fechávamos naquela noite”, acrescenta.
Apesar de hoje em dia existirem novas opções durante o S. João, as pessoas “continuam a reservar com muita antecedência, porque é uma tradição virem cá jantar nas marchas”. Assim, para além das tradicionais sardinhas, pode contar com qualquer prato “caseiro e acolhedor” na noite de S. João.
Ao fim de meio século, o Café Desportivo continua a ser “um ponto de encontro de gerações”. Uma casa que, de sorriso no rosto, prima pela “qualidade” e “boa disposição” dos funcionários.