A litíase biliar ou colelitíase, conhecidas como “pedras na vesícula”, é uma doença frequente. Cerca de 6% dos homens e 9% das mulheres sofrem desta patologia, que varia desde assintomática até situações com risco de morte.
A causa é a formação de cálculos (“pedras”) na vesícula biliar. Quando a vesícula se contrai na alimentação os cálculos vão obstruir um canal chamado canal cístico e causar os sintomas.
A maioria dos doentes com colelitíase são assintomáticos e são diagnosticados em exames de rotina. Nestes doentes é raro haver complicações ou indicação para tratamento.
Nos doentes sintomáticos há várias formas da doença se manifestar.
A cólica biliar é um quadro que se carateriza por dor no quadrante superior direito do abdómen com náuseas, vómitos, digestão difícil ou mal-estar. Costuma seguir-se a uma refeição rica em gorduras ou citrinos. Esta situação resolve-se habitualmente espontaneamente.
A colecistite aguda é um quadro mais grave e não têm resolução espontânea necessitando de tratamento urgente. Ocorre quando associado à cólica biliar ocorre uma infeção na vesícula. Acompanha-se de febre e dor de difícil controlo. O doente tem de recorrer ao serviço de urgência e necessita tratamento em internamento com cirurgia e medicação endovenosa.
Agravando este quadro pode ocorrer uma colangite que é semelhante à colecistite mas o doente apresenta-se ictérico, uma cor amarela nos olhos e na pele. Esta situação é já de uma gravidade séria e o tratamento urgente é importante.
A pancreatite aguda é o quadro mais grave, na qual há uma inflamação grave no pâncreas necessitando tratamento urgente, podendo até levar à morte.
O tratamento da colelitíase é uma cirurgia frequente e consiste na colecistectomia laparoscópica. Trata-se da remoção da vesícula biliar utilizando instrumentos milimétricos e uma câmara vídeo fazendo 3 ou 4 pequenos orifícios no abdómen e desse modo remover a vesícula biliar e os cálculos, de forma minimamente invasiva. Habitualmente o doente fica internado 24 horas e tem uma recuperação rápida e indolor. A colecistectomia laparoscópica é uma técnica frequente com resultados excelentes.
Dr. Luís Lencastre
Cirurgia Geral
Hospital do Marco de Canaveses
IPO do Porto
