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A Páscoa é a altura do ano em que o folar reina nas mesas dos portugueses, mas também os cristãos celebram a ressurreição de Jesus Cristo. Em Marco de Canaveses, a tradição do Compasso ainda está muito viva, com grupos de pessoas a levarem o anúncio da ressurreição de porta em porta.

Paulo Pinto, natural da freguesia de Sande e São Lourenço do Douro, mas que reside há mais de 50 anos em Fornos, no concelho do Marco de Canaveses, começou por andar no Compasso a convite de terceiros. Atualmente, é o juiz da cruz “há 20 anos” e organiza “outras atividades como procissões e festas”.

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Com 71 anos ainda participa nesta tradição “com gosto” e tenciona continuar até “as forças acabarem”, revela. Uma equipa do Compasso varia entre quatro e cinco elementos e Paulo Pinto tenta “procurar aqueles que nos interessam”, mas nem sempre é possível, porque muitos desistem pelo cansaço.

Pela “falta de voluntários”, Paulo Pinto viu-se obrigado a levar os netos para a equipa. Martim Batista, o neto mais velho, foi o primeiro a integrar a equipa do avô. “A minha primeira vez foi há cinco anos e foi só uma manhã. Gostei e depois queria continuar e continuo até agora”, partilha, em conversa com o Jornal A VERDADE.

O jovem marcoense de 20 anos confessa que enquanto o avô continuar vai estar com ele e tem sido uma experiência “muito boa”. Enquanto, Martim Batista “chateava a cabeça” ao avô “para ir para o compasso”, o irmão mais novo, Mateus Batista, que já vai para o terceiro ano que anda com os familiares, entrou de uma forma mais “inevitável”.

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Para Paulo Pinto ter a companhia dos netos no compasso “é um sentimento de orgulho”, mas não esquece os restantes elementos da equipa. “Eu levo a cruz, no caso do Martim é ele que leva a pasta para recolher os envelopes, o Davide lê as leituras, o Mateus anda com a campainha e o Sr. Lino leva a caldeira que tem a água benta”, descreve.

A afluência dos jovens não tem sido um problema e Martim Batista confessa que “há muitos miúdos e mais novos do que eu”. Contudo, Paulo Pinto lamenta que quando a sua geração acabar “os mais jovens não continuem com esta tradição por não terem o mesmo empenho e garra nas tradições”.

A cruz de Paulo Pinto, na parte da manhã, passa pelo “Largo da Igreja, o Largo da Campainha, Telheira até Remonde”. De tarde, após as cinco cruzes se reunirem no quartel dos Bombeiros Voluntários do Marco de Canaveses, fica com a zona “a partir do Talho do Estádio pelo lado direito até ao centro da cidade”.

Para este ano, está prevista chuva no domingo de Páscoa, mas Paulo Pinto não perde o ânimo e deixa tudo “nas mãos de Deus”. Acrescenta que faça chuva ou faça sol a Páscoa é uma festa “muito bonita e é uma festa quase de rua, as pessoas vão de família em família, de porta em porta e saem de umas casas, entram noutras. É uma festa muito bonita”.

Texto de Gonçalo Carneiro
Aluno estagiário da Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro