maria jose animais lousada
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Há cerca de dois anos, nasceu em Lousada “O Cantinho da Zé”, uma associação sem fins lucrativos, criada para ajudar animais da rua. Por detrás deste projeto estão Maria José Alves e o marido, que atualmente acolhem “cerca de 40 animais”.

Em entrevista ao Jornal A VERDADE, a lousadense de 55 anos conta que o gosto pelos animais “vem desde pequenina” e por influência “do pai que também gostava muito”. Ainda em criança, recorda também que sonhava um dia “ter uma casa grande e com muito espaço para acolher os cães que estavam na rua”.

O sonho concretizou-se, mas Maria José “nunca” pensou chegar ao número que tem hoje. “Nunca pensei que iria acolher tantos cães. Andam todos à solta, têm jardim grande e uma casa com paletes onde dormem, têm sofás, têm tudo. São animais muito felizes e, às vezes, nem sei quantos são”.

O amor aos cães que tem “é muito” e conhece-os a “todos pelo ladrar Cada um é especial à sua maneira. Todos têm o seu nome e um feitio diferente. Quando vêm cá com a intenção de adotar dizem o cão que querem e as características e eu digo ‘aquele é o ideal para si’. Depois dizem-me ‘realmente não sei como consegue saber'”.

Na hora de se despedir de cada animal que é adotado, Maria José fica “muito triste” e “uns dias que não quero que falem para mim”. Mas a ligação nunca se perde, porque “tem de haver sempre notícias, senão não fico bem”, diz a lousadense. “Não dou cães para estarem amarrados a um cadeado e, por isso, faço questão que venham ver o espaço, para verem a qualidade de vida que lhe vão dar. Se for como esta ou melhor, porreiro. Se for para estar amarrados não, ficam aqui e bem”, garante.

O gosto é acompanhado pelo marido e, “por isso, é que dá certo. Acho que ele é pior do que eu, aliás é ele que faz as obras. Gastamos muito dinheiro para lhes dar as melhores condições e até fizemos primeiro a casa deles e depois a nossa. É mesmo amor pelos animais“.

Um amor que ‘obriga’ Maria José a organizar o dia em função dos animais. “Tenho de estar em casa a trabalhar para eles. Levo-os ao campo, eles gostam de correr e o meu trabalho é este. Já não vou de férias há imenso tempo, porque não confio em ninguém para cuidar deles. Enquanto ganhar para lhes dar de comer tudo certo, quando não tiver vou pedir para eles”, diz.

As despesas que tem com os cerca de 40 cães levaram-na a criar o projeto “O Cantinho da Zé“, que conta com a ajuda da Câmara Municipal de Lousada. A alimentação fica a meu cargo e o município ajuda com “a esterilização, castração, chip e vacina da raiva. Já é ótimo“.

E se há uns anos tinha “dificuldade” em dar os animais para a adoção, hoje reconhece que “não pode ser assim. Há outras pessoas boas que também cuidam bem dos animais”.

Apesar das campanhas de sensibilização que se fazem ano após ano, contra o abandono animal. Maria José garante que “não diminuiu. Eu nem quero sair de casa, porque não consigo ficar indiferente. Agora passo por eles nem paro, porque não tenho espaço para mais. Cada vez há mais animais abandonados e tem de haver mais sensibilização. No meu caso, não posso trazê-los todos para casa, mas depois não durmo a pensar no animal e sofro”.

A terminar esta conversa, a lousadense que faz “tudo por gosto” e já não se imagina “a viver sem animais, nunca. Acho quem não tem animais não é feliz”.