francisco fonseca
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Quem passa na Rua Maria Eulália de Macedo, em Amarante, não fica indiferente novo mural de arte urbana que tem chamado a atenção dos locais e atraído turistas das mais variadas nacionalidades.

A obra de arte reflete a cultura arquitetónica de uma determinada época, “despertando memórias e relembrando histórias”, explica o responsável pelo projeto, Francisco Fonseca, mais conhecido por Francis.co no mundo da arte.

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Quem é Francis.co?

Natural de Paço de Sousa, do concelho de Penafiel, o jovem artista de 30 anos recorda o gosto pela arte que o acompanha desde que se lembra. “Sempre gostei de desenhar e lembro-me de quando ainda era muito novo acordar antes do sol nascer para desenhar casas. Engraçado que hoje em dia é a temática mais recorrente no meu trabalho”, recorda.

O sonho de desenhar quando “fosse grande”, não passou de um sonho para um jovem com um percurso dedicado às artes do secundário até à licenciatura em Artes Plásticas, e depois o Mestrado em Desenho. “Foram planeados desde cedo com o objetivo de fazer do desenho e da pintura a minha vida”, garante o artista.

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Dedicado às intervenções na rua, Francis.co conta que apareceram quando estava a estudar Artes Plásticas, na faculdade de Belas Artes do Porto em 2013/2014. “Como venho de Paço de Sousa, o meu contacto com a arte de rua era quase nulo. Ao estudar no Porto percebi a importância que as intervenções nas paredes tinham como reflexo da comunidade e das pessoas. Quis logo fazer parte deste núcleo e usei a colagem nas fachadas como maneira de mostrar o meu trabalho a mais pessoas sem barreiras e em contexto com a arquitetura da cidade. Isto foi o começo”.

Um começo que, entre outros trabalhos, o levou ao mural “Amarantina”, a intervenção urbana mais recente. “Já pintei murais um pouco por todo o país, tendo sempre como temática as casas das zonas em que intervenho, principalmente as mais esquecidas e até mesmo abandonadas”, explica.

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Para o jovem artista, ver o trabalho projetado nas ruas “é sempre muito bom”, seja em Amarante como noutras outras cidades ou pequenos locais. “É um privilégio e uma responsabilidade, pois estou a entrar num local e comunidade do qual não faço parte, mas quero passar a fazer através da minha linguagem artística. Há que fazer escolhas, investigações e perceber o local antes de lá pintar e deixar algo. O que mais me importa é que a população dos locais onde pinto fiquem contentes e orgulhosos por ter algo novo nas suas ruas. Se isso acontecer o meu trabalho foi bem sucedido”, garante o penafidelense.

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Portugal está mais aberto e predisposto a ver intervenções desta natureza? Francis.co reconhece que “sim, sem dúvida” e “já o vem a fazer há alguns anos. Temos vários festivais de Arte Urbana, várias artistas e arte nas ruas sempre existiu e cada vez é mais bem vista. Acho que este tipo de iniciativas cria pontos de interesse e os próprios habitantes das ruas intervencionadas sentem-se vistos e reconhecidos”, reconhece.

Para esta mudança de paradigma, que quer continuar a fazer da arte vida, contribuiu a “vontade dos artistas se exprimirem nas ruas. Hoje em dia, e com o turismo, as motivações para criar roteiros e pontos de interesse alternativos também motivam o aparecimento destas obras o que é ótimo, tanto para os artistas, que as fazem bem, como para as cidades que tiram partidos das mesmas”, termina.

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