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Após conhecer a história de João e Tomás, dois meninos de cinco anos com autismo, o Jornal A VERDADE traz-lhe o último testemunho do Dia Mundial da Criança, assinalado a 1 de junho. Sandra Martins e o filho de 20 anos, Bruno, encontram-se numa fase da vida decisiva. O filho está prestes a terminar o último ano letivo e, a partir daqui as oportunidades são “muito reduzidas”. O maior receio é que não hajam respostas e Bruninho fique “preso” dentro de quatro paredes, sem possibilidades de continuar a receber estímulos.

Bruninho veio ensinar o significado da palavra “autismo” a Sandra e Carlos Martins

O Bruninho foi quem trouxe a realidade do “autismo” para casa. Sandra e Carlos Martins , os pais, afirmam que foi o primeiro filho e a “primeira vez a lidar” com esta patologia. Em conversa com o Jornal A VERDADE, confessam que não conheciam “o significado que essa palavra envolvia”. 

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Apesar de algum desconhecimento, a mãe não demorou em perceber que algo era “diferente. Ele começou a fazer as coisas num percurso mais tardio, por exemplo, a segurar a cabeça e sentar”. O diagnóstico demorou dez anos a chegar, mas o “problema estava ali desde sempre” e, por isso, a preocupação dos pais era “encontrar métodos para o melhor desenvolvimento do nosso filho”. 

O jovem natural de Amarante apresenta um autismo “moderado” que se nota no “comportamento infantil e fala à base dos seus interesses”. Na escola é focado em letras e números e gosta de manter a biblioteca organizada, ainda pratica equitação e adora água.

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Os pais partilham que o Bruno tem se “adaptado bem a novas situações”. Começou o seu percurso no ensino regular até ao 3.º ano e entretanto ingressou na Unidade de Baião. De momento, encontra-se a terminar o último ano letivo e os pais temem que “a partir de agora as oportunidades sejam muito reduzidas”. Desde 2018 que Sandra e Carlos Martins andam “numa batalha com a câmara. Estamos a iniciar uma associação, está no papel mas precisamos dela fisicamente. É uma luta constante”.

“Receio” é a palavra de ordem nesta família, um sentimento comum a todos os pais, mas que ganha outra dimensão quando a preocupação número é “como o meu filho se vai inserir na sociedade a partir daqui?”. Apesar de “viverem um dia de cada vez”, admitem que “é uma realidade que assusta imensa”.

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“Eles chegam aos 18 anos e são descartáveis”

“Não existe abertura para estes miúdos, eles chegam aos 18 anos e são descartáveis, porque não há nada que os possa inserir na sociedade ou se há é muito longe das suas casas”, explica Sandra Martins, acrescentando que sente falta de uma unidade no concelho. “O meu filho tem que fazer diariamente quase 20 quilómetros para se deslocar para uma unidade. À quantidade de miúdos que temos em Amarante, a cidade deveria fazer mais por isso e se não formos nós mães a batalhar mais ninguém o fará”.

Sandra Martins acrescenta que “muitas mães ficam pelo caminho porque não têm capacidade para continuar porque ouvimos muitos não’s, os que mais precisam são os que mais facilmente são postos de lado”, frisa. 

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“Queria colocá-lo num sítio onde ele pudesse dar continuidade a todo o trabalho que foi desenvolvido, eu não o quero meter dentro de casa, isto seria estragar tudo aquilo que foi feito até então”, termina. 

Bruninho já não é filho único e aos 20 anos tem uma irmã mais nova com oito anos.

O papel de Ronaldo e do Jiu-Jitsu na vida destas crianças e em Amarante 

A sala dentro do quartel dos Bombeiros Voluntários de Amarante é a salvação para muitas famílias e miúdos. Espaço onde Ronaldo, através do Jiu-Jitsu, ensina que “temos de arriscar e socializar”. Assim, é unânimo que todas as crianças têm melhorado “o equilíbrio, a agilidade, o foco e o sono”, por exemplo. Ao mesmo tempo que se tornam “mais seguros e aventureiros”. 

Em conversa com o Jornal A VERDADE, os pais ressaltam o papel do professor Faisão e soam frases como:

É uma pessoa incrível que tem um dom para estes miúdos.Sandra Martins

Sandra Martins

Tomará que existissem mais Ronaldos a desenvolver o mesmo trabalho noutras áreas. Patrícia Magalhães

Patrícia Magalhães

Não sei o que ele faz, mas o Tomás tem evoluído imenso. Ele só começou a dizer mãe e pai desde que começou a andar lá, para muita gente pode não dizer nada, mas para nós foi um momento muito feliz.

Antonieta Santos
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