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A chegada do mês de junho significa um dia totalmente dedicado às crianças. O 1 de junho assinala o Dia Mundial das Crianças e pretende recordar os seus direitos e deveres, bem como, os problemas que as crianças enfrentam na sociedade. Nesta quinta-feira, o Jornal A VERDADE traz-lhe, ao longo do dia, três testemunhos de pais com crianças “especiais”, de forma a partilharem os desafios e dificuldades “acrescidas” com que se deparam para que os seus filhos sejam parte integrante da sociedade.

Falamos de crianças com autismo. Segundo estatísticas norte-americanas do CDC (Central of Disease Control), em 2020, em cada 36 crianças uma apresentava o Transtorno do Espetro Autista (TEA).

Apesar de serem três testemunhos com realidades distintas, as famílias partilham as mesmas preocupações, a mesma incerteza em relação ao futuro e a necessidade urgente de respostas.

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João vive no “mundinho dele” e é uma criança “espontânea e extremamente feliz” 

Enquanto pais, Patrícia Magalhães e Isaac começaram por “estranhar” a demora do filho em adquirir algumas competências. “Passou um ano e ele tinha dificuldades em andar e demorou muito tempo a falar”, partilha a mãe que é terapeuta ocupacional. Habituada a lidar com adolescentes com autismo há vários anos, desde cedo suspeitou da patologia do filho. Com cerca de três anos a suspeita acabou por ser confirmada, João tinha perturbação do espetro do autismo.

Apesar da realidade estar presente, os pais, sobretudo Isaac, admitem que “andamos alguns meses a pensar no ‘e se…’ e queríamos acreditar que podia não ser. Depois existe sempre aquele pensamento do porquê nós, é uma criança em cada 40 e calhou-nos a nós”. 

O João apresenta sensibilidade a nível sonoro, um sintoma transversal às crianças com autismo. “Chorava muito quando ia a festas de aniversário e quando havia muita gente nos restaurantes ele fazia de tudo para ir embora”. Mais tarde, Patrícia e Isaac tiveram o segundo filho, o que trouxe uma dificuldade em casa devido ao choro. No entanto, os pais acreditam que com o passar dos anos a relação ficará “mais fácil”. Apesar dessa dificuldade, João tem “muitas competências em termos visuais” e, por isso, adora desenhos animados, ler e puzzles. 

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Na verdade, o João vive no “mundinho dele e é espontâneo”, tendo pouca perceção das preocupações e dificuldades que a sua “especialidade” lhe poderá trazer. 

O dia a dia é marcado por rotinas, da mesma forma que João “coloca os carrinhos sempre na mesma posição”, também a sua vida tem de ser “rotineira. As coisas têm de ser planeadas no dia anterior com imagens para conseguirmos fazer com ele todas as tarefas”, explica a mãe. De momento, as imagens passaram a ser mais utilizadas quando é preciso “fugir da rotina”, de forma a prepará-lo psicologicamente para a “mudança”. 

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Como é que os nossos filhos vão integrar a sociedade e como vão estar no dia em que nós não estaremos?

A incerteza quanto ao futuro do filho que, por enquanto, tem cinco anos assombra esta família. Como pais pretendem que o João “seja autónomo, integrado na sociedade e que possa desenvolver um trabalho útil”.  

Apesar de considerarem que “não existem respostas para estes miúdos”, não lhes restam dúvidas de que “se nós conseguirmos encontrar uma área até à idade adulta, ele vai conseguir desenvolver um trabalho. Quando ele tem interesse em algum assunto ele vai até ao pormenor”, garantem.

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O papel de Ronaldo e do Jiu-Jitsu na vida destas crianças e em Amarante 

A sala dentro do quartel dos Bombeiros Voluntários de Amarante é a salvação para muitas famílias e miúdos. Espaço onde Ronaldo, através do Jiu-Jitsu, ensina que “temos de arriscar e socializar”. Assim, é unânimo que todas as crianças têm melhorado “o equilíbrio, a agilidade, o foco e o sono”, por exemplo. Ao mesmo tempo que se tornam “mais seguros e aventureiros”. 

Em conversa com o Jornal A VERDADE, os pais ressaltam o papel do professor Faisão e soam frases como:

É uma pessoa incrível que tem um dom para estes miúdos.

Sandra Martins

Tomará que existissem mais Ronaldos a desenvolver o mesmo trabalho noutras áreas. 

Patrícia Magalhães

Não sei o que ele faz, mas o Tomás tem evoluído imenso. Ele só começou a dizer mãe e pai desde que começou a andar lá, para muita gente pode não dizer nada, mas para nós foi um momento muito feliz.

Antonieta Santos

Conheça mais sobre o projeto do professor Faisão

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