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Este sábado, 13 de maio, é um dia especial para os mais crentes, uma vez que se celebra a aparição da Virgem Maria aos três pastorinhos em Fátima, no ano de 1917. E é, também, um dia em que o Santuário se preenche de peregrinos que, até então, percorreram muitos quilómetros de fé.

Mas, hoje, a peregrinação vai além da fé. Muitos são aqueles que fazem o caminho pelo desafio e pela experiência e foram esses mesmos motivos que levaram Jorge Tiago Magalhães, natural de Vila Caiz (Amarante) a fazer a primeira peregrinação. “Sempre testemunhei familiares e amigos que fizeram peregrinações e, todos eles, falam da emoção que é chegar ao santuário de Fátima, a partilha, a união e as amizades que se vão fazendo pelo caminho. Fui pelo desafio e experiência, mas também pela descoberta do que Fátima me poderia dar”, conta.

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Foi integrado no grupo de Travanca, de Amarante, que o jovem de 29 anos fez a primeira peregrinação. Inscreveu-se com um primo e juntos concretizaram uma vontade que “já vinha sendo adiada desde 2020, devido à COVID19”.

Para a peregrinação foi sem expetativas criadas, apenas sabia que tinha pela frente um caminho de “autodescoberta. Sou uma pessoa de experiências e não digo que não a um desafio. Aceitei o desafio de percorrer os caminhos de Fátima a pé e consegui”.

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No decorrer da caminhada foram várias as terras percorridas e as pessoas com as quais se foi cruzando, mas houve ‘pequena’ que o marcou particularmente. “Houve um menino com os seus quatro ou cinco anos que estava à porta de casa com uma cestinha cheia de doces, todo feliz. O grupo foi pegando e agradecendo ao menino. Chegada a minha vez de passar por ele, os doces já tinham acabado e a tristeza do menino em não ter mais revelou o tamanho do seu coração“, recorda Jorge Tiago Magalhães.

Dias, quilómetros e momentos depois, a caminhada terminou e o jovem confessa que é “difícil” explicar o que sentiu na chegada ao Santuário. Dias depois da chegada, ainda está a “processar todo o misto de emoções e sentimentos” que Fátima lhe proporcionou. “Cruzei-me com pessoas idosas em dificuldade, pessoas a pão e água, outros que perderam familiares umas semanas antes da peregrinação, entre outras.. pelo caminho vamos ajudando, vamos rindo, choramos e unimos forças. Na chegada basta um olhar entre nós e fica tudo dito. É, nesse momento, que nos abraçamos e tudo parece desaparecer, a dor e cansaço já não existe, só a gratidão e sentimento”.

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Esta foi a primeira experiência, mas que lhe deixou marcas e a certeza de que em 2024 voltará como voluntário. “Já dei conhecimento ao grupo de peregrinos de Travanca-Amarante que no próximo ano, em 2024, irei como voluntário ajudar os peregrinos. Em 2025, estou certo de que farei a minha segunda peregrinação”, garante.

Entre os grupos de peregrinos, nem todos vão por devoção e, para Jorge Tiago Magalhães, “não existem requisitos religiosos para se fazer a peregrinação. Até podemos ser ateus e ir. Fazer o caminho de Fátima é muito mais que isso. Todos nós temos fé”.

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No final da entrevista, e depois da experiência, o jovem deixa conselhos para aqueles que, no futuro, sigam o mesmo caminho. “É muito importante irmos em grupo, ter uma equipa que nos ajude pelo caminho. Durante sete dias não iremos ter a nossa cama, o nosso chuveiro, os nossos familiares. Essas pessoas voluntárias atenuam essas coisas. Além de que temos enfermeiros, médicos e bombeiros sempre acompanhar. Fazer caminhadas, ter um bom calçado e pensar sempre positivo. Vocês podem partir sozinhos mas chegam sempre acompanhados. As amizades ficam para a vida”, finaliza.