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A Câmara Municipal do Marco de Canaveses comemorou esta quinta-feira o 50.º aniversário do 25 de Abril, numa cerimónia que decorreu no remodelado Salão Nobre e que contou com a presença de todos os partidos com assento na Assembleia Municipal.

As comemorações arrancaram com o hastear das bandeiras, seguindo-se um momento musical, protagonizado pela Banda de Música de Vila Boa de Quires, que interpretou o Hino Nacional. 

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A abrir os discursos institucionais, Sandra Teixeira, representante do grupo municipal do CDS-PP, defendeu que a comemoração dos 50 anos do 25 de Abril é um tempo “de reflexão, esperança e tempo de pensar no futuro e nos 50 anos que temos pela frente. Ansiava-se, e anseia-se, por melhor democracia”, destacando que a “pluralidade democrática respeita a voz de um povo”.

Com um discursos focado na importância de combater o populismo, destacou que “só em liberdade é que a Democracia existe, com a possibilidade do povo escolher o 25 de Abril que quer, nunca em Ditadura. O 25 de Abril está vivo, porque nasceu para criar ambição, insatisfação e não acomodamento”.

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A representar o grupo municipal do PPD/PSD, Anita Cunha começou o seu discurso invocando Salgueiro Maia, um dos Capitães de Abril. “Devemos aos capitães de Abril, e ao povo português, o 25 de Abril e a democracia. Falo como herdeira da revolução, o 25 de Abril permite-me ter voz, apesar de ser mulher, permite-me ousar”.

Contudo, defendeu que é necessário “refletir com seriedade o espírito crítico sobre os erros cometidos desde então. Melhoramos muito, mas poderíamos estar bem melhores. Defender o espírito de Abril é promover o desenvolvimento sustentável e a coesão territorial, é reformar a justiça e combater a corrupção”, sublinhando ainda que o “futuro da democracia, que nunca está garantida, dependerá sempre das futuras gerações”, terminou.

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“Amigos, companheiros e camaradas”, foi a forma como Leonardo João Machado, representante do grupo municipal do PS, começou o seu discurso, invocando os militares de Abril e recordando quem esteve na revolução, sem esquecer os sacrifícios e dificuldades que o povo português passava antes do 25 de Abril. “Ainda há muito a melhorar, em todos os parâmetros, em todas as portas que Abril abriu. Mas, 50 anos depois, dizemos, orgulhosamente que somos uma democracia pluralista”.

Com o objetivo de “combater o populismo”, o socialista falou ainda da “internet, lugar onde impera a crítica fácil. Uma onde populista, espalhando o ódio e colocando as pessoas umas contra as outras. 50 anos depois de Abril, o populismo é, talvez, o maior inimigo à liberdade”, deixando uma mensagem de “coragem”, com o objetivo de “dar passos em frente”.

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Como convidada da Câmara Municipal do Marco de Canaveses para a sessão invocativa dos 50 anos do 25 de Abril esteve presente Tatiana Steponuyc, imigrante ucraniana a viver em Portugal há 22 anos e que falou da importância da liberdade. “Encontrei aqui pessoas amigas, é um país maravilhoso e acolhedor, que vive em liberdade”, apontou, sem esquecer a guerra na Ucrânia com a Rússia. 

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Isabel Pinto viveu, na primeira pessoa, a revolução do 25 de Abril e também foi uma das convidadas presentes. Recordou “os tempos difíceis” que se viveram e defendeu que a liberdade é “o fundamento para tudo. Lembrar é importante, na altura, tínhamos, sobre nós, uma espada da censura. Até de pensar tínhamos medo de estar a ser ouvidos. Não há liberdade sem o respeito pelos outros. O 25 de Abril impõe-nos o dever de não deixar cair no esquecimento a Ditadura e os terríveis anos que vivemos, com a Ditadura mais longa da Europa”.

Contudo, a advogada considera que “o 25 de Abril não resolveu os problemas todos, há muito a trabalhar”, focando-se na igualdade e na importância dos Direitos Humanos. Aos jovens, nascidos depois do 25 de Abril, a marcoense apela “à participação, à sua insubmissão ao espírito de rebeldia, para combaterem os novos problemas que vão surgindo, que preencham essa luta, na continuidade do sonho do 25 de Abril”.

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Seguiu-se o presidente da Assembleia Municipal do Marco de Canaveses, Jorge Vieira, que cumprimentou todos os presentes e referiu que o “25 de Abril foi um marco histórico, que vai acontecendo desde há 50 anos”, recordando que, antes da revolução, os cargos políticos só eram ocupados por pessoas do regime. “O sentimento de quem é poder, 50 anos depois, não tem nada a ver com o sentimento de quem era poder há mais de 50 anos”.

Para o presidente “é preciso manter viva a chama da liberdade, deixar que as pessoas falem, respeitá-las, mas contestá-las. Isto é fundamental em qualquer regime autárquico”.

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O último discurso ficou a cargo da presidente da Câmara Municipal do Marco de Canaveses, Cristina Vieira, que começou a sua intervenção destacando a presença das duas convidadas. Sobre a data comemorativa, a autarca recordou que se trata da “data fundadora da nossa democracia, 50 anos, construídos sob o ideal de um país mais justo, mais igualitário e próspero, no sentido perfeitamente inverso ao regime do Estado Novo. Celebrando o 25 de Abril, celebramos também o fim de uma ditadura opressora, que recusava ao povo e ao indivíduo o papel de cidadão, o exercício dos direitos e deveres de cada um perante si e perante a sociedade como um todo”.

Falando também da Guerra do Ultramar, a autarca saudou os militares que “tiveram a coragem de derrubar o Estado Novo, a ditadura que durou 48 anos”, recordando ainda “o trabalho de resistência, de luta política contra o regime por tantas e tantos que, na clandestinidade, lançaram as bases para a alteração do regime”, saudando “tantos quantos no Marco participaram nesta luta, e também recordar e prestar homenagem pública a Mário Soares, de quem se comemora por este ano também o centenário do seu nascimento. A sua luta pela Liberdade foi a nossa”.

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De acordo com Cristina Vieira, no 25 de Abril “foram lançadas as bases de um Portugal melhor, de responsabilidades individuais partilhadas, em que todos decidimos, um país que continua a ser construído e melhorado, que a cada momento vive as dinâmicas e desafios da Europa e do mundo. No país, como no nosso Marco de Canaveses, continuamos a construir o futuro. No nosso concelho, garanto-vos, continuamos a trabalhar para garantir melhores condições de vida à população, para um exercício pleno da nossa liberdade e dos instrumentos da democracia por cada um de nós”, relembrando, com uma citação de Sérgio Godinho, que “só há liberdade a sério quando houver a paz, o pão, a habitação, a saúde, a educação”, sendo que o executivo “assumiu esta premissa no trabalho diário”.

A autarca falou ainda das obras realizadas, nas mais variadas áreas, des de 2017 em Marco de Canaveses. “Sentimos que estamos a cumprir Abril. Sentimos que com o nosso empenho e determinação, se iniciou um novo ciclo no Marco de Canaveses… com reflexos práticos na vida das pessoas e na forma de fazer política no município”, frisou.

Após o final da sessão solene, houve tempo para mais um momento musical, protagonizado pela Banda de Música de Vila Boa de Quires.