Foi numa “brincadeira”, em 2022, que surgiu a primeira ideia de praticar triatlo, mas o desafio vai agora ser levado muito a sério no Campeonato Nacional de Clubes de Triatlo, que acontece já este sábado, dia 6 de abril, em Moura, junto à Barragem do Alqueva.
Cecília Mendonça, de 35 anos, e Joca Gonzaga, com 40, preparam-se para competir pela primeira vez na prova, aliás serão os primeiros lousadenses a fazê-lo. O casal de triatletas de Lousada, em representação pelo Paredes Aventura, vai disputar a distância de Sprint, tendo pela frente 750 metros de natação em plena Barragem do Alqueva, 20 quilómetros de ciclismo que ligarão a albufeira à cidade e cinco quilómetros de corrida pela zona histórica de Moura.
Num contrarrelógio por equipas e na primeira experiência do casal no campeonato nacional, as ambições são “desmedidas para resultados individuais”, confessa Joca Gonzaga. “A ideia é perceber como tudo funciona, desfrutar, fazer desporto e partilhar a água e a estrada com os melhores atletas nacionais, incluindo atletas olímpicos“.
Apesar da inexperiência, ambos estão “muito motivados para esta prova”. Para Cecília Mendonça, será “uma oportunidade excelente para aprender com os melhores e colocar à prova as nossas capacidades, mas, sobretudo, para contribuir para um resultado positivo para a equipa”.
O treinador Miguel Medeiros destaca “duas pessoas que tentam ouvir” o que tem para transmitir e “replicam nos treinos. Há coisas que temos de trabalhar, mas são bastante dedicados, arranjam sempre tempo para treinar. Ajuda muito nos desportos de resistência, porque é preciso consistência para se ir melhorando”, sublinha.
Já em viagem para a prova, o casal conta ao Jornal A VERDADE como começou a aventura no mundo do triatlo e os desafios que se seguem no futuro.
Como é que o triatlo entrou na vossa vida?
Em 2022, quando decidi deixar o kartocross e parar com o campeonato, eu e a Cecília já treinávamos, principalmente bicicleta. Ela tem um passado muito ligado à natação e polo aquático e começamos a entrar numa brincadeira de nos desafiarmos um ao outro. Lembrámo-nos de começar a praticar triatlo, eu obrigava-me a ir aprender a nadar, e obrigava-a a ela a treinar a corrida. Foi numa brincadeira que surgiu a primeira ideia de praticar triatlo.
Dessa ideia para a prova, como foi a decisão?
Foi fácil e um processo gradual, não acordamos a pensar nisso. Entretanto, abandonei as corridas e começamos a treinar. A primeira coisa que fizemos foi tentar encontrar um treinador. O Miguel foi-nos indicado por um amigo. Ele treina também o Paredes Aventura. A partir daí ficou mais ou menos definido que faríamos, durante esta época, o campeonato nacional de clubes pelo paredes aventura.
E como tem sido a preparação? Como se preparam para uma prova destas?
Temos um plano de treino que varia entre os sete e os nove treinos por semana, que tentamos conciliar com a atividade profissional e com os dois filhos. Para isso, o apoio da família é fundamental para podermos ter a liberdade de treinar em determinados momentos. Claro que tentamos agilizar e controlar os nossos horários de maneira a não sobrecarregar as outras pessoas, mas por exemplo este fim de semana vai ser uma avó que vai ficar com os miúdos. Acontece algumas vezes.
Enquanto casal treinam juntos há muito tempo?
Desde que casámos, em 2015, tentamos sempre ter uma rotina de treino. Ao longo dos anos praticamos sempre algum desporto, é um gosto comum, que nos mantém juntos e que tentamos fazer em conjunto sempre que possível. O maior desafio maior era completar um triatlo e foi concebido com a ideia de o podermos fazer em conjunto. A ideia passa sempre por tentarmos treinar e competir juntos.
Acham que podem ser uma inspiração para outros casais?
Se formos uma inspiração para os nossos filhos e se um dia virem que o desporto é algo positivo e que faz bem, para nós já é uma vitória. Mas se pudermos com isto trazer mais pessoas para o desporto, não só para o triatlo, é algo que nos orgulha, porque acho que é possível fazer as coisas. É sempre bom chamar as pessoas para uma coisa positiva e nós acreditamos que isto é positivo na vida de toda a gente. A cultura desportiva está cada vez mais implementada em Lousada e acreditamos que o triatlo terá boas condições para se desenvolver no nosso concelho. Quem sabe esta nossa participação poderá incentivar mais pessoas a praticar este desporto e, porque não, levar à formação de um clube lousadense.
Como é partilhar os treinos em casal?
Durante a semana raramente treinamos os dois, porque temos horários diferentes. Ao fim de semana, como os treinos são mais longos, a companhia ajuda bastante. É uma motivação extra.
Depois do triatlo que desafio se segue?
Para este ano, a ideia mais bonita e a cereja no topo do bolo é completar o Half Ironman, em Cascais, que vai acontecer em outubro. São 1900 metros a nadar, 90 quilómetros de bicicleta e 21 quilómetros de corrida. Impossível não é, de maneira nenhuma. Vamos lá para nos desafiarmos. Obviamente que completar a prova é o objetivo mínimo e, depois, vamos tentando criar outros para nos motivarmos mais a treinar e a melhorar. Já chega de maluqueira por agora. Temos ideias para o próximo ano, mas vamos ver como corre este. O objetivo principal é ter sempre uma motivação extra para treinar e para continuarmos a dedicar-nos ao desporto.
