O Mosteiro de Santo André de Ancede, no concelho de Baião, foi inaugurado esta sexta-feira, dia 21 de abril, e classificado como o Centro Cultural da região. Nesta cerimónia esteve presente o Primeiro-Ministro, António Costa.
O Monumento de Interesse Público, em requalificação desde 2001, num investimento global que ascende a cerca de cinco milhões de euros, designa-se agora como Mosteiro de Ancede – Centro Cultural de Baião (MACC – Baião).
O Mosteiro integra, em simultâneo, projetos de dois arquitetos – Siza Vieira, cujo trabalho se materializa no Mosteiro, na Casa dos Moços e no Adro da Igreja (em execução) e Daniel Vale, que assina a obra referente à Igreja. Já projetados, mas a aguardar financiamento, estão os celeiros, o parque de estacionamento, o pombal, a eira, as cercas e os jardins.
Para o presidente da Câmara Municipal de Baião, Paulo Pereira, este é um dos momentos “mais felizes” da sua vida enquanto autarca. Realçando a dimensão física do Mosteiro de Ancede, mas sobretudo o que “representa em termos de simbolismo para cada um dos baionenses”.
“Se uma palavra pudesse traduzir este dia escolhia gratidão pelo que significou a longa jornada que nos trouxe até aqui e que nos une hoje neste espaço. As vontades de uns quantos e o trabalho de muitos, desde que os executivos autárquicos começaram a olhar para este monumento e a tratar da sua reabilitação passaram cerca de 38 anos, devemos estar gratos e recordar as figuras marcantes da vida pública que deram força a este projeto”, afirmou.
Apesar de mencionar que os nomes das pessoas que contribuíram para este projeto “não cabem na sua lista, mas cabem num profundo sentimento de gratidão”, não deixou de destacar Artur Borges e Pereira Cardoso, os responsáveis autárquicos que em 1985 compraram o Mosteiro de Ancede e o trouxeram para o património público, bem como, Emília Silva pelos primeiros passos na requalificação e José Luís Carneiro que “que definiu o Mosteiro de Ancede como propriedade inalienável, assumindo como projeto âncora de desenvolvimento para Baião e defendendo que a assinatura da sua requalificação estivesse à altura do seu lastro com 900 anos de história”.
Desde 2002 foi realizado um investimento de cerca de cinco milhões de euros que traduz “o respeito dos baionenses pelas memórias dos seus antepassados”.
O Mosteiro de Ancede terá quatro eixos estratégicos de atuação, museográfico “com exposições residentes e temporárias ousadas e inovadoras, o próprio espaço em si com o diálogo entre a ruína e o espaço recuperado, cultural com concertos, palestras, recriações históricas, teatros, educativo direcionado à comunidade em geral e em particular às nossas escolas e o científico sendo um espaço aberto a conferências, investigação ou mesmo a residências científicas”
O MACC de Baião continuará “a assumir-se pela qualidade, ambição, ousadia e capacidade de sonhar fazendo jus à sua herança de mais de nove séculos e fazendo jus ao nosso território, a Baião e às suas gentes”, terminou o autarca.
O Primeiro-Ministro, António Costa, começou por afirmar que “todos temos consciência que nos territórios de baixa densidade, os desafios do desenvolvimento económico são muito difíceis, mas são absolutamente essenciais porque só assim se fixam e atraem populações. Por isso, é fundamental que um território encontre novas atividades para sustentar a região”.
É por este motivo que considera que o Mosteiro de Ancede será “um polo de dinamização cultural e de dinamização da atividade turística de um concelho que hoje pode.se orgulhar de ser um destino sustentável”.
Neste sentido, o Primeiro-Ministro felicitou todos os envolvidos neste projeto pela conclusão da obra. “Felicitar o presidente e os seus antecessores, aqueles que lutaram para que fosse possível chegarmos aqui com aquela convicção que muitas vezes é preciso ter na política e só quem gosta mesmo de ser político é que acredita que mesmo 38 anos depois é possível concluir o que se sonhou 38 anos antes”.
Acrescentando que “quem tem gosto de andar na política sabe que a política não é chegar ao momento da inauguração a política é mesmo tudo o que está antes da inauguração. É ter a ideia, recolher os meios para os concretizar e ter persistência de ano após ano se bater por um projeto”.
Para António Costa o Mosteiro de Ancede demonstra o “bom potencial. Tivemos a oportunidade de ver o potencial que tem para acolher as 11 diferentes artes. Este centro com mais de nove séculos é uma das grandes marcas do românico e do nosso património cultural”, terminou.
Este projeto foi realizado através da “resiliência e vontade de muitos dos presentes nesta sala”, afirmou o presidente da Junta de Freguesias de Ancede e Ribadouro, Daniel Guedes.
“Não representa apenas a recuperação do edificado mas acima de tudo, representa a preservação do nosso património e da nossa cultura que é o mesmo que dizer da nossa história e da nossa identidade”, acrescentou.
Terminando por agradecer ao arquiteto Siza Vieira e destacando que “este edifício será mais um polo dinamizador e de desenvolvimento da região e do bem estar da nossa população”
O icónico Mosteiro, cuja origem é anterior à fundação de Portugal, tem sido alvo desde 2001, de cinco fases de intervenção destinadas a conservar, restaurar e reabilitar o espaço nas diversas valências, dotando-o, atualmente, de um claustro com capacidade para 300 pessoas, a que se junta um auditório com 80 lugares e espaços expositivos capazes de acolher várias dezenas de pessoas por hora, para além da área exterior, com vários hectares de produção agrícola, e onde as eiras podem receber até dois milhares de visitantes.
