amarante programa antonio candidoFoto: DR
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Foi apresentado esta terça-feira, dia 19 de julho, o programa da Evocação do Conselheiro António Cândido, natural do concelho de Amarante, foi apresentado na Assembleia da República, por ocasião do centenário da sua morte, a 24 e outubro de 2022.

A Câmara Municipal de Amarante e o Centro de Estudos Amarantinos decidiram promover – conjuntamente com a Assembleia da República, a Academia das Ciências, a Procuradoria Geral da República e a Universidade de Coimbra, e com a parceria do município do Porto, da Santa Casa da Misericórdia de Amarante e do Ateneu Comercial do Porto – a organização de um conjunto de iniciativas e eventos destinados “a evocar esta data simbólica, mas também a divulgar a obra de um homem e político notável da segunda metade do século XIX e que a historiografia nacional parece ter esquecido”.

O coordenador da Comissão Organizadora e comissário desta Evocação é o ex-deputado e professor universitário, Luís Leite Ramos, informa um comunicado da autarquia.

A sessão inaugural vai acontecer a 24 de outubro de 2022, em Candemil e Amarante, e vai ser presidida pelo presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva. A sessão solene vai ter como orador convidado Guilherme Oliveira Martins, insigne membro da Academia das Ciências de Lisboa. A sessão de encerramento vai decorrer um ano depois, a 24 de outubro de 2023, em Candemil e Amarante, e vai ser presidida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

O programa vai incluir uma conferência (balanço) sobre o legado político de António Cândido, um encontro de jovens e a entrega do Prémio Escolar “Águia do Marão”, a sessão solene e um espetáculo teatral e musical. Ao longo do ano, vai realizar-se o Ciclo de Conferências “António Cândido, o homem e o enigma que o homem representa”, temáticas e descentralizadas, com o intuito de “evocar e reavivar a obra e o legado de António Cândido nas suas múltiplas facetas e dimensões – humana, académica, política e intelectual – mas também e sobretudo de a contextualizar nas suas raízes históricas e deles retirar todos os ensinamentos que, mais de um século depois, permanecem justos e intemporais”. Vão ser ainda reeditados livros de e sobre António Cândido.

José Luís Gaspar, presidente da Câmara Municipal de Amarante, esteve presente na apresentação que decorreu na Assembleia da República e que contou ainda com a presença Adão Silva, vice-presidente da Assembleia da República; Carlos Aderito, em representação da Procuradoria Geral da República; Luís Leite Ramos, coordenador e comissário da Evocação; José Luís Cardoso, da Academia das Ciências; João Nuno Calvão, da Universidade de Coimbra; e Pedro Barros Pereira, do Centro de Estudos Amarantinos.

“Evocar o nome e a personalidade de António Cândido neste local – a casa da democracia – é, para mim, um ato de grande honra. Insigne parlamentar, político e pensador português, nascido em Amarante e desaparecido há 100 anos, é, nas palavras do professor Pedro Tavares de Almeida, um marco na fundação da Ciência Política em Portugal. Académico brilhante e político de grande envergadura, a sua mestria e acutilância valeram-lhe o apelido de ‘águia do Marão’, e a atualidade do seu pensamento, não deixa de nos surpreender, pelas ideias que estão, ainda hoje, na ordem do dia. Mas, simultaneamente, foi um homem circunscrito à sua realidade e, portanto, volvidos cem anos na História – uma História que todos conhecemos e que em tantos episódios, não queremos que se repita – temos a obrigação, enquanto políticos, de nos elevarmo-nos a essa mesma história”, afirmou José Luís Gaspar.

António Cândido Ribeiro da Costa nasceu em Fridão, no concelho de Amarante, a 29 de março de 1850, e faleceu em Candemil, no mesmo concelho, a 24 de outubro de 1922. Ficou conhecido pelo nome próprio e sobrenome e ainda pelo cognome ‘Águia do Marão’, que lhe terá sido atribuído por Camilo Castelo Branco.

Cursou Teologia no Seminário Conciliar de S. Pedro de Braga (1867-1870) e foi ordenado presbítero, em 1871, tendo-se licenciado pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra em 1877, onde prestou provas de doutoramento no ano seguinte e foi lente substituto em 1881 e lente catedrático uma década depois. Desempenhou os principais cargos institucionais: deputado, par do Reino, ministro, conselheiro de Estado e procurador-geral da Coroa e Fazenda. Foi membro do Instituto de Coimbra, vice-presidente da Academia Real das Ciências, e recebeu, como distinções honoríficas, a grã-cruz da Ordem de São Tiago do Merecimento Científico, Literário e Artístico e as insígnias da Ordem de Carlos III de Espanha.

Em 1987, a Associação Cultural Águia do Marão e a Câmara Municipal de Amarante, em parceria com outras entidades locais e nacionais, prestaram-lhe homenagem pública com um programa intitulado “António Cândido – Echos de Uma Voz Quási Exctinta” e que contemplou, entre outras iniciativas, um ciclo de conferências e uma exposição bibliográfica e iconográfica.

“Mais de três décadas depois, pretendemos levar a cabo um amplo programa de iniciativas que visa não só homenagear uma personalidade singular e maior do nosso país, mas também tirar do esquecimento a obra académica pioneira sobre o direito de sufrágio e as listas múltiplas, a oratória sublime do parlamentar brilhante e temido, o património ético e político de um empenhado militante progressista e o legado de um intelectual dos ‘Vencidos da Vida’ comprometido com as causas do seu tempo”, refere o comunicado.