joana ribeiro destaque
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A procura por uma maior qualidade de vida é transversal a todas as idades e foi esta razão que levou Ricardo Lourenço a emigrar para França aos 18 anos.

Nascido num meio familiar “mais pobre”, procurava na altura “uma vida melhor. Tínhamos poucas possibilidades para irmos estudar, então quando comecei a trabalhar tive oportunidade de emigrar e ganhar um pouco mais”, recorda.

Há 20 anos, o emigrante foi à procura de “novas ideias” num país escolhido pela ligação familiar. “Vim para França através dos primos que trabalhavam comigo”, conta.

Ricardo emigrou numa idade em que se procura “conviver com os amigos de infância” e, por isso, confessa que “ser emigrante não é fácil. Muitas pessoas pensam que ser emigrante é ter tudo na vida e que podemos ser mais que os outros, mas não somos mais que ninguém. Aliás, fazemos muitos sacrifícios para conseguirmos ter um bocadinho mais”.

Muito jovem viu-se confrontado com uma realidade “diferente” daquela a que estava habituado e saiu de um país onde deixou “família e amigos”. Para além da idade acrescia a dificuldade de comunicação com quem estava a milhares de quilómetros de distância.

Recorda-se “muito bem” da primeira vez que foi para França e das vezes em que se deslocava “às cabines telefónicas” para falar com a família. “Tínhamos de ir às tabacarias comprar uns cartões para ligar à família, mas aquilo acabava tão depressa que só tínhamos tempo para dizer ‘olá, está tudo bem, ok’”.

O objetivo inicial era “melhorar a vida” e “quando ganhasse dinheiro para um carro, fugia logo para Portugal”. Era esta a perspetiva do emigrante que acabou por permanecer e construir família com a esposa Liliana Caetano, natural de Louretim, da freguesia de Sande e São Lourenço. “Casei em 2012 e depois viemos os dois para França e tivemos a nossa filha que hoje tem cinco anos”.

Passados todos estes anos, Ricardo Lourenço garante que “as saudades da família são o mais complicado. Nem toda a gente dá valor, mas para mim é algo que não tem preço. Eu passo quase o ano todo aqui, só tenho férias no Natal e, por isso, a vontade de ir é muito mais forte. Vamos com o sentimento de querer abraçar a família, mas os dias parecem que voam”.

Aos 38 anos, Ricardo confessa ter vontade de regressar. “A vida nem sempre corre como planeamos, mas quero ficar mais um ano ou dois e ir antes da minha filha entrar na escola”, revelou.

Atualmente, trabalha num restaurante e confessa que para concretizar os seus objetivos pessoais “tem de ter muito cuidado, senão não adiantava sair de Portugal. O sacrifício que se passa ao estar longe da família, de quem mais gostamos, mais valia estar aí”.

O emigrante considera-se um homem de “sorte” por ver a filha crescer. “Acho que é muito doloroso e um sacrifício muito grande não estar ao lado de um filho. Por isso, agradeço imenso a deus por estar todos os dias com a filha”, disse emocionado.

Ricardo Lourenço transmite esperança a todos os que “queiram lutar por uma vida melhor” e garante: “não troco o meu país por França”.