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Marco de Canaveses
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Paula Pereira aprendeu a “amar a vida” com o pai

José Pereira ou “Zequinha”, como é conhecido pela família e amigos, foi um homem capaz de passar às filhas uma lição “importante” antes de partir, saber “amar a vida”.

Redação

José Pereira ou “Zequinha”, como é conhecido pela família e amigos, foi um homem capaz de passar às filhas uma lição “importante” antes de partir, saber “amar a vida”.

Paula Pereira, uma das filhas de “Zequinha” recorda o pai como ele era conhecido por todos os que o contactaram em vida. “Um verdadeiro senhor” e “uma pessoa tão especial que conseguiu marcar-nos a todos pela maneira como transmitia vida, alegria e amor”, é assim que a técnica de fisioterapia descreve o pai.

Em 2022, José Pereira acabaria por perder a batalha contra um cancro de pulmão, mesmo apesar de ter “superado as expetativas normais” dos médicos e tratamentos, aos 62 anos “Zequinha” não resistiu mais à doença.

Uma perda que deixa marcas e “muitas saudades”, Paula Pereira decidiu enfrentar o processo de luto “com ajuda psicológica” e agarrando uma nova missão: “continuar a falar do meu pai como se ele cá estivesse”. Falar das memórias que construiu com o pai é “falar de vida, de amor e de uma pessoa genuína que sempre estendeu a mão a toda a gente, alguém que enfiava em casa amigos e família. Toda a gente diz o mesmo, o nosso “Zequinha” era um pilar”, acrescenta.

Na hora da despedida, a família sentiu a falta desse “pilar” mas nos dias de hoje a marcoense diz mesmo: “O meu pai ainda está aqui presente”. Fazendo questão de “falar diariamente dele”, a mulher de 37 anos nega “ter perdido um pai, apesar de tudo sei que tenho um na mesma”.

Um pai que ao longo de uma vida “me deu o mais importante, deu-me educação e valores. Tudo o que faço hoje é graças aos meus pais“, admite a filha, feliz por poder falar, mais uma vez, das lições que aprendeu com “Zequinha”.

A “missão” de continuar o legado do homem “que gostava de viver”

José Pereira, costumava dizer que não precisava do “Euro Milhões, o que tenho já é suficiente”, comentava para a família e amigos. Satisfeito por ver “uma mesa cheia de família e amigos”, “Zequinha” deixou para trás um legado de boa disposição e amizade que Paula Pereira tenta agora continuar.

“Sinto que tenho essa missão“, revela a filha que já começou a ser chamada por “Zequinha número dois” pelo resto da família. “O mais importante era estarmos todos juntos”, esclarece Paula Pereira, “se ele estivesse cá era isso que ele iria querer ver”.

Uma vida marcada pelo “gosto e amor pela vida” que “definiam” o pai, a agora mãe de uma menina de quatro anos tenta replicar a boa disposição e vontade de estar em família do avó “Zequinha” para que a neta possa crescer num lar tal como o da mãe.

“A dor transformada em amor”

O luto, conta Paula Pereira, “é algo sem definição”, processar a perda de um ente querido, como um pai, é diferente de pessoa para pessoa. “Cada um de nós tem uma forma de fazer o, acho que o luto é definido pela relação que tivemos com a pessoa que perdemos”.

A ausência do pai foi algo que teve de “aceitar” e “durante um ano após a perda, ainda vivia muito injustiçada com o que tinha acontecido”, admite. Contudo, passado algum tempo, “procurei ajuda, e foi graças ao apoio psicológico, algo absolutamente essencial, é que consegui ver a dor transformada em amor”.

Ultrapassada a fase de luto, o que resta agora é “um processo que vai durar toda a minha vida e que só vai aumentar”, a saudade. Algo “muito mais difícil” que o luto, a “saudade que sinto hoje é muito maior do que quando ele partiu”.

Em dias e datas especiais como o Dia do Pai, recordar “Zequinha” “é extremamente difícil, há momentos em que as lágrimas invadem-me o rosto”. E mesmo agora que “já não tenho vontade de chorar, sinto uma ansiedade enorme relacionada com esta dor saudável. Trata-se mesmo de dor transformada em amor, e tenho conseguido transformar esta dor revoltante num amor que honra e recorda o meu pai”, conclui.

“Aproveitarem quem temos ao nosso lado”

Para quem perdeu um pai ou um ente querido, Paula Pereira deixa a seguinte mensagem: “O primeiro passo é pedir ajuda psicológica, porque quando perdemos alguém vida, por mais que tenhamos os nossos filhos, marido, mãe e irmãos, parece que só estamos a sobreviver”.

Por isso, “percebi que tinha de pedir ajuda psicológica para perceber como é bom escolher onde quero ficar, em sofrimento ou no amor, a mensagem a passar é esta. Escolher os melhores momentos que temos com as pessoas que perdemos e são essas memórias que temos de guardar. Depois aprendemos a lidar com as perdas, percebemos que fazem parte da vida e se fizermos isso, o processo será muito mais fácil”.

A filha de “Zequinha” foi “sempre grata à vida, era feliz e sabia”, talvez por isso é que àqueles que ainda têm a sorte de estar com os pais em vida, Paula Pereira diz para “aproveitarem quem temos ao nosso lado”. Saber “dar valor” e “passar tempo de qualidade com os nossos pais” vai ser a melhor cura “para o processo de luto porque são as memórias que valem a pena”.

Assim, neste Dia do Pai “Zequinha” volta a receber uma visita da filha que ainda se lembra bem “de como ele era vaidoso nesta data. Esperava sempre que as filhas lhe dessem um presentinho”. Sentindo “uma necessidade extrema, que não tinha, de colocar algo para mostrar ao mundo que ele jamais será esquecido e o quanto ele era importante para nós”.

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