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Com 32 anos é padre na Ordem dos Carmelitas Descalços no Convento de Avessadas

Quando era pequeno, a ideia de ser padre nunca lhe passou pela cabeça. Foi apenas aos 23 anos, depois de acabar a mestrado em Engenharia Civil, que André Morais encontrou a vocação na Igreja Católica. 

Hoje, com 32 anos, é padre na Ordem dos Carmelitas Descalços e encontra-se no Convento de Avessadas, em Marco de Canaveses, desde fevereiro de 2022. Em entrevista ao Jornal A VERDADE falou da sua vocação e também da importância da Páscoa.

“Eu sou da geração em que as pessoas não sonham, propriamente, ser padre. Quando andava no secundário, foi algo que se questionou, mas não foi retido. Só no final do ensino superior é que a questão se colocou mesmo”, começou por explicar.

Nunca frequentou a catequese e apenas foi batizado. “Vivia em Lisboa e os meus pais não são praticantes. Não íamos à missa, eu só ia à missa quando ia de férias para os meus avós, em Castelo Branco. Acabei só por fazer os sacramentos em adulto, com 18 ou 19 anos”, disse.

André Morais lembra-se de “ser pequeno” e encontrar a oração do Pai Nosso na Bíblia da avó. “Aprendi sozinho e recordo-me que rezava, quase por brincadeira, porque percebia que os meus colegas rezavam e eu acabava por o fazer também. Fui crescendo e comecei a rezar o terço, sem saber como, mas a verdade é que o fiz. Durante muitos anos era a única oração que fazia. Havia uma ligação, a oração esteve sempre presente, não consigo dizer quando começou, nem o porquê, mas a verdade é que esteve presente e, sem ela, não seria possível”.

No início, os pais “não aceitaram muito bem” a decisão, mas depois “acabaram por fazer o seu caminho”. Para os avós, “foi uma surpresa, no início custou-lhes muito, mas depois foi uma alegria tremenda”, garantiu.

O padre André Morais pertence à Ordem dos Carmelitas Descalços e explicou que é colocado onde existe um convento. “Fiz a formação na Nossa Casa, no Porto. Depois de acabar o curso, somos enviados para uma casa real concreta das várias que temos. Eu vim para Avessadas em fevereiro de 2022 e agora tivemos o capítulo, que redistribui os frades pelas casas. Neste capítulo, deram-me mais três anos aqui. A minha vinda deve-se ao voto de obediência”, descreveu.

Esta experiência tem sido “muito positiva” e recorda que, quando foi destinado para Avessadas, não sabia o que pensar. “Não seria a minha primeira escolha, mas tem sido uma experiência muito boa, muito gratificante, tenho aprendido muito e tenho sido muito amado pelas pessoas que aqui vêm”.

“O nosso objetivo é que, por meio de nós, as pessoas se unam mais a Jesus e se relacionem mais com Deus”

Para o religioso, “é sempre melhor sermos queridos do que não ser”, apesar do principal objetivo não ser esse. “O nosso objetivo é que, por meio de nós, as pessoas se unam mais a Jesus e se relacionem mais com Deus, que as suas vidas se transformem e que Deus seja uma parte fundamental das suas vidas. Mas claro, é sempre bom saber que as pessoas têm carinho por nós, que gostam de nós e que o nosso trabalho, aparentemente, tem esses frutos”.

Levar as pessoas até à Igreja é “importante”, mas não “por aquilo que as pessoas pensam. Podem pensar que é importante para termos números, mas não é por isso. É importante porque a vida espiritual é fundamental para nós e está cientificamente provado. Nós, somos seres em relação uns com os outros, mas, aquilo que nos define enquanto pessoas, é sermos seres em relação com Deus. Digo, muitas vezes, que os frigoríficos podem guardar livros, é uma estupidez, porque eles não servem para isso, mas podem. Nós fomos feitos para a relação com Deus, então, quando não nos relacionamos com Deus, estamos a ser frigoríficos que, em vez de guardarem comida, guardam livros”.

Para o padre André Morais, “é fundamental que as pessoas venham, não para fazermos número, mas porque a missa é uma parte fundamental, a vida religiosa é uma parte fundamental do nosso ser. Há tanta gente que vive triste, sobrecarregada e que acha que encontra a felicidade noutras coisas, mas, com isso, só se afunda mais. Todos nós temos um desejo tremendo de Deus, todos temos um desejo tremendo de sermos felizes e a felicidade só se encontra com Deus e quem pensa o contrário, desengane-se, porque vai ser muito infeliz. Fomos criados para esta relação com Deus na Igreja e é na missa que essa relação se dá de uma forma mais plena, porque ouvimos Deus que nos fala pelas leituras, que se torna presente pelo pão na Eucaristia e que se nos dá quando comungamos o seu corpo”.