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Esta quinta-feira, dia 2 de fevereiro, assinala-se o Dia de Nossa Senhora das Candeias. 

Diz a tradição que as mulheres que tiveram filhos deveriam deslocar-se ao Templo, quarenta dias após o nascimento, para apresentá-los ao sumo-sacerdote e oferecer os seus sacrifícios. Assim, depois do nascimento de Jesus, Maria e José ter-se-ão dirigido até Simeão para o efeito e daí surgiu a Festa da Apresentação de Jesus no Templo e também a Festa da Purificação de Nossa Senhora.

Uma tradição que João Pinto Ferreira não tem “bem a certeza”, mas que acompanha há muitos anos. “A certa altura fui festeiro e não podia estar presente nos dias da festa, mas como tinha dificuldades, como muitos outros tinham, propus a alteração da data para o primeiro fim de semana de fevereiro. Isto já começou há mais de 40 anos e assim ficou para sempre”, conta.

São várias as crenças associadas à Nossa Senhora das Candeias e entre elas está a seguinte: “se a Nossa Senhora das Candeias estiver a rir, está o Inverno para vir; se estiver a chorar, está o Inverno a passar”. Dizem os 86 anos do Sr. João que “este ano vai rir. Os provérbios têm sempre a sua lógica e houve alguma coisa que fez com que eles aparecessem”.

Ao longo dos anos as celebrações sofreram algumas mudanças, como o anúncio da festa “que é diferente. Hoje há muita coisa que não tem nada a ver com a festa, é a evolução dos tempos. No meu tempo havia o pedido, andávamos com tambores pelas portas a pedir dinheiro, mas a festa só constava na parte religiosa. Missa de festa, de tarde a procissão e depois a banda de música e o fogo. Agora há muita coisa”, diz.

João Pinto Ferreira diz-se um homem muito ligado à igreja e procurou “dar sempre o melhor. Fiz parte de muitas coisas e acho que não há atividade nenhuma que não tenha feito da igreja. Durante 30 anos fiz parte da comissão fabriqueira, fui ministro da comunhão. Procurei dar o meu melhor e não me sinto vaidoso por isso, mas sinto-me orgulhoso por ter aproveitado o meu tempo e a minha vida para contribuir para o bem da comunidade”, garante.

Natural de Castelões, teve um percurso “um bocado ambulante”, porque a vida dos pais “assim o permitiu”. Em 1995, foi viver para São Martinho de Recezinhos, em Penafiel, e recorda “os primeiros anos complicados. Vim com 19 anos e aos 21 fui para a tropa. Em 1961 casei e passei a viver permanentemente cá”.

Desde então, dedicou-se à Nossa Senhora das Candeias que diz ser “especial. Namorava “há algum tempo”, com a atual esposa, “às escondidas” por causa da sogra. “Não gostava de mim. Dizia que era por sermos primos. Então combinamos o seguinte: eu namorava com outra e ela com outro, mas depois já estava a namorar há três meses com o mesmo e estava a ficar preocupado”, conta em tom de brincadeira.

No segundo ano a viver em São Martinho de Recezinhos, os pais e os sogros foram os festeiros, numa altura em que havia por tradição começar a deitar o fogo antes, de manhã e à noite. Era guardado no beiral da casa onde vivia e cabia-lhe a tarefa de lançar a tradição.

Foi aí que o Sr. João decidiu pegar num papel e escrever à sua amada o que pretendia: “propor o fim do nosso contrato silencioso e passarmos à descoberta. E assim foi, vim lançar o fogo e havia missa às 19h00. Trouxe um papel escrito e ao passar por ela meti-lhe o papel no bolso e lá pedi uma decisão. A partir daí perdemos o medo e deixamos de andar às escondidas. Teve a ver com o anúncio da festa, por isso, é especial esta nossa senhora”.

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Festas em honra de Nossa Senhora das Candeiras e S.Brás 2023

O programa para as celebrações tem início esta sexta-feira, dia 3 de fevereiro, com a procissão de velas, pelas 20h30, e continua até ao dia 5 com vários momentos de animação.

O Sr. João continua a ir à Missa Solene da Festa e gosta “muito” de ouvir a sua banda. E apesar de todas as mudanças que tem vindo a assistir ao longo dos anos, fica feliz pela “tradição religiosa que se mantém. Continua a haver missa, procissão, banda e fogo”.