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Municípios da área de prospeção de lítio "Seixoso-Vieiros" querem criar equipa multidisciplinar com universidades

Redação

Decorreu na manhã desta quarta-feira, dia 9 de fevereiro, uma reunião dos presidentes das câmaras municipais de Amarante, Celorico de Basto, Fafe, Felgueiras, Guimarães e Mondim de Basto, concelhos abrangidos pela área de prospeção de lítio designada "Seixoso-Vieiros", com o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes. Um dos pontos resultantes da partilha de ideias e preocupações foi a criação de uma equipa multidisciplinar com universidades.

Em declarações ao Jornal A VERDADE, Nuno Fonseca, presidente da autarquia de Felgueiras, admitiu que têm agora uma "informação mais rica" de todo o processo e informou que, para além da informação técnica que os municípios têm, cada um pretende "criar uma equipa multidisciplinar que envolverá a Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro e a Universidade do Minho para poder, no fundo, ter uma base sustentável para qualquer situação futura" que possam vir a ter, como uma eventual "tentativa de travão deste processo de prospeção e de exploração".

Para o autarca, "não adianta avançar com providências cautelares para travar qualquer coisa que seja se não houver sustentabilidade do ponto de vista técnico-legal". "Vamos procurar essa informação junto das universidades e, certamente, continuaremos a acompanhar bem de perto este processo porque sabemos que é um processo sempre um bocadinho complexo; do ponto de vista emotivo, as populações estão mais sensíveis, mas não há ninguém mais do que os autarcas para defender as suas populações e os seus territórios", sublinhou.

"Da área hoje identificada, só cerca de 1,5% dessa área poderá estar sujeita a essa prospeção e, portanto, há que registar com agrado, desde já, essa posição de redução bastante significativa", comentou, acrescentando que os municípios representados na reunião mostraram também "a sua oposição àquilo que é o processo, tendo em conta que ele tem varias incongruências". Entre elas, Nuno Fonseca destaca "aglomerados que estão identificados em todo o território e onde não é possível sequer serem identificados para prospeção, portanto, não deveriam constar sequer do relatório, mas, sobretudo, por o relatório ser ainda um bocadinho vago relativamente àquilo que é a forma de prospeção que será feita".

"Tudo o que sejam questões de prospeção de forma evasiva, que vão pôr em causa o território, as câmaras são, certamente, contra e aquilo que queremos é que, efetivamente, seja assegurado que em qualquer processo que possa eventualmente vir a acontecer – que esperamos que não aconteça porque não vemos necessidade – possam estar salvaguardados o território e as populações", declarou.

Nuno Fonseca adiantou ainda, mas em comunicado, que foi transmitido que, nesta fase, "é apenas a prospeção que está em causa – e não a exploração de lítio", afirmando que os autarcas ficaram "seguros de que não será pesquisada qualquer área no limite de um quilómetro em torno das zonas urbanas".

Na sessão ficou ainda claro que, do trabalho de prospeção pode resultar a conclusão de que a exploração do lítio não é viável, mas, após o procedimento de seleção da entidade e da execução da prospeção – que deverá decorrer num prazo de cinco anos –, caso se confirme o potencial de exploração deste recurso geológico, esta decisão "terá de ser novamente sujeita a uma avaliação do impacto e poderá, no limite, corresponder ao intervalo de 1% a 1,5% da área que está hoje em análise".

O ministro revelou aos autarcas que está prevista a possibilidade de ser designado, por parte das câmaras municipais, um representante que integrará o júri de seleção da entidade responsável pela prospeção de lítio.

Na manhã desta quarta-feira, na Lixa, em Felgueiras, decorreu uma concentração do Movimento pela Defesa do Ambiente e Património do Seixoso – Vieiros. Georgina Mendes e Gilberto Rodrigues, do movimento, defendem que a exploração de lítio na região "vai ter um grande impacto mesmo a nível de turismo lixense, felgueirense e vai ter também um grande impacto a nível empresarial", destacando que os empregos que poderão ser criados "são especializados".

"Nós precisamos é que olhem para nós, não nos virem as costas e, neste momento, precisamos dos partidos todos, do presidente da câmara e do seu executivo, que lutem por nós", exclamou Georgina Mendes. "Vão tirar toda a qualidade de vida que ainda hoje conseguimos ter! Os meus filhos e os meus netos merecem uma qualidade de vida", afirmou Gilberto Rodrigues.

Pode ler mais sobre a prospeção e exploração do lítio neste artigo.