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Natural da freguesia de Tendais, no concelho de Cinfães, Maria Figueiredo passa os seus dias em redor do artesanato, uma arte a que se dedica “há cerca de 20 anos. Mas comecei desde pequenita a fazer trança”. Aprendeu “imaginando as coisas. Via um senhor a fazer umas coisitas, mas não aprendi com ninguém”, tem na memória a cinfanense.

Não considera a arte difícil, “não é”, e apesar de gostar de fazer “tudo por igual” há uma peça que faz de forma mais especial. “A candeia gosto de fazer. Os antigos iluminavam as casas com essas candeias, mas era em folha e tinham de lhe deitar petróleo, esta não é preciso, arde sem petróleo”, diz com a sua graça.

Em tempos, Maria Figueiredo foi modista e fazia “bordados. Aprendi, também, a fazer as camisolas, mantas. Graças a Deus sabia muita coisa“. Aprendeu o “corte de costura” em Cinfães e perdeu a conta dos anos que trabalhou nesta área. “Trabalhei durante bastantes anos, até cheguei a ensinar umas colegas, mas depois mudei para isto (artesanato)“.

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Maria Figueiredo na 42.ª edição da AGRIVAL, no dia dedicado ao concelho de Cinfães

Hoje, os dias desta cinfanense são passados nas feiras de artesanato – e já o faz “desde que começaram, não sei bem há quanto tempo” – mas não se ficam por aqui. Aos 72 anos, continua a trabalhar e confessa “não me dou parada”. Para além do artesanato, Maria Figueiredo ocupa-se das “13 vacas e 30 cabeças de cabras. E tenho dois bois em casa. Gosto e não me dou sem isto, por agora, mas tenho de me dar, a gente um dia não pode”.

Quanto ao futuro da arte, diz que gostava de deixar os conhecimentos “a alguém, mas ninguém quer aprender. Esta mocidade nova agora não aprende e acabando umas pessoas que lá há, que fazem a trança, acabou-se. É pena, porque é uma tradição bonita e não dá muito mas ainda dá”, garante.

Já no final desta entrevista, quando lhe perguntamos o que mais gosta, do trabalho como modista ou do artesanato, responde timidamente: “sou capaz de gostar mais disto (artesanato), porque contacto com as pessoas, tenho muitos conhecimentos e criamos muitos amigos”.

Artigo realizado por Ana Magalhães e Patrícia Cunha.