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O GRUTA CCL – Teatro da Livração, em parceria com o Município de Marco de Canaveses, vai apresentar o espetáculo “ReVolta – A Voz de Todas as Vozes” este domingo, dia 28 de abril, pelas 16h30, no Emergente Centro Cultural.

A dramaturgia e encenação é da responsabilidade de Fátima Vale e o trabalho foi desenvolvido no âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.

A direção musical é de João Luiz Ferraz, e conta com interpretações de Francisca Ferraz, Gislena Ferraz, Maria José Ferraz, Mónica Magalhães, Cristina Baldaia, José Fernando Magalhães, Daniel Ribeiro, Fátima Vale e João Luiz Ferraz. A fotografia é de José Miguel Pires.

A entrada é livre mediante reserva.

Fátima Vale promete um teatro que “ganha asas” e que é para ser “sentido”

Fátima Vale, poeta e atriz, nasceu na África do Sul, mas reside há três anos na Livração, em Marco de Canaveses. O Projeto de Oficinas de Teatro do (Des)oprimido, em parceria com o município e o Gruta CCL foi o que a trouxe até terras marcoenses e que a levou a descobrir a “Revolta do Pão”.

“Já colaborava com o Gruta quando estava sediada em Vila Real, mas achei esse contacto muito interessante, têm características distintas. O Gruta tem um histórico de intervenção comunitária desde 1974. Sou nómoda, porque fazer teatro dá-nos apenas essa garantia”, conta ao Jornal A VERDADE.

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Durante o espetáculo, as pessoas vão viajar até ao tempo da inquisição e das feiticeiras para perceber “a condição da mulher e da sua subjugação”, responsável por motivar esta revolta. O espectáculo atravessa várias épocas e situações de outros povos, com o ponto em comum: o da luta de classes pela construção da democracia e da liberdade dos povos. A “Revolta do Pão” acontece num cenário de um país “orgulhosamente só” e o mundo em plena Segunda Guerra Mundial.

Portugal não participou com armas, mas apoiou o exército nazi com comida que ia em grandes vagões identificada como “Sobras de Portugal” enquanto o povo perecia. “Portugal tinha assumido a neutralidade, aparentemente parecia não se envolver na guerra, mas envolveu e teve um contributo significativo para com o exército nazi”.

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Se hoje em dia, Fátima Vale “atreve-se” e chama as coisas pelo nome, na altura a revolta foi declarada pela PIDE como um “motim popular. Era mais suave, mas a verdade é que foi algo grande”.

O 25 de Abril não chegou de um momento para o outro, foram precisas muitas revoltas para que “a liberdade fosse construída. As pessoas passaram fome, lutaram e sacrificaram as suas vidas por uma vida melhor e mais digna”, realça.

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Para Fátima Vale estes antepassados devem ser recordados como “pessoas extraordinárias. Na época foram silenciados e punidos, não saíram como heróis. Nunca chegarão a atingir glória alguma, porém devemos-lhe o reconhecimento”.

Na visão da teatróloga, o teatro “parte da importância do outro” e, para si, anda de mãos dadas com a investigação, história e comunidade, por isso, olha para a apresentação deste teatro, em Marco de Canaveses, como um “marco relevante e universal” para o grupo de teatro, da cidade e dos próprios marcoenses.

O espetáculo vai estrear no Emergente Centro Cultural, na tarde de 28 de abril. Promete-se um teatro “denso e transformador, muito musical e sensorial. Acaba por ficar leve e percetível, porque nem tudo é para ser entendido, mas sim para ser sentido”.

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