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Penafiel
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“Hoje em dia, ninguém quer aprender esta arte”, diz Mário Moreira, latoeiro deste os sete anos

Aos 74 anos, Mário Moreira continua a exercer a profissão que aprendeu em criança, mas com a consciência de que a arte do latoeiro está a desaparecer. Residente nas Termas de São Vicente, em Penafiel, começou a trabalhar aos sete anos, ajudando o pai na oficina.

Redação

Aos 74 anos, Mário Moreira continua a exercer a profissão que aprendeu em criança, mas com a consciência de que a arte do latoeiro está a desaparecer. Residente nas Termas de São Vicente, em Penafiel, começou a trabalhar aos sete anos, ajudando o pai na oficina.

De manhã ia à escola, mas à tarde já moldava metais ao lado da família. “Quando vim do ultramar, aos 26 anos, já recebia um ordenado justo e consegui estabelecer-me. Naquela época, fazia-se muito trabalho novo, especialmente caleiros para as obras, porque se construíam muitas casas. Mas, também, se recuperavam objetos, como regadores e cântaros, algo que mais tarde deixou de acontecer”, recorda.

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O surgimento do plástico veio mudar tudo. Os produtos tornaram-se mais baratos e a procura pelo trabalho artesanal foi diminuindo. “Hoje em dia, ninguém quer aprender esta arte. Nem na minha família houve quem quisesse continuar o ofício. No entanto, para quem tivesse vontade, ainda poderia ser rentável e permitir uma vida digna”, afirma.

Apesar das dificuldades, Mário nunca deixou de trabalhar. “Havia poucos latoeiros e eu trabalhava muito, inclusive aos fins de semana. A minha esposa ajuda-me bastante. Agora, faço isto mais por gosto, para passar o tempo“.

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Mesmo com a profissão em declínio, o latoeiro recebe, ainda, pedidos de clientes de longe, especialmente, para serviços que exigem uma solda específica, usada até em certos arranjos de carros e motos. Ao longo dos anos, viveu situações inesperadas, como quedas perigosas ao trabalhar em telhados. “Uma vez, com a neve, escorreguei e por milagre não caí. Pensei que ia morrer”, relembra.

Hoje, já reformado, optou por deixar a oficina para “evitar despesas”, mas continua a fazer “uns biscates”, partilha com um sorriso.

Artigo redigido com o apoio de Vitor Carvalho, aluno estagiário da Universidade Fernando Pessoa.

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