carlos ferreira
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Foi por volta dos cinco anos que o “brilho de ver uma bola a saltar, os colegas a correr no campo ou na rua”, se manifestou no olhar de Carlos Ferreira. 

Em entrevista ao Jornal A VERDADE, o avançado de 24 anos recorda os primeiros pontapés na bola e o “amor incondicional pelo futebol” passado pelo pai. “Aconteceu naturalmente, ia ver os jogos dele e no fim ia para dentro do campo ainda em terra na altura. É aí que começa este sentimento inexplicável. Onde exista uma bola, existia felicidade”.

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A formação começou no clube da terra, a AD Lousada, e para Carlos Ferreira foi “cheia de momentos” que vai “recordar para sempre. Com treinadores que me deram as bases para aquilo que consigo saber hoje como jogador e como pessoa. Com amigos que vou levar para a vida”, garante.

A paixão espalhava-se nos resultados, “sempre como melhor marcador em todos os anos de formação, algo que me motivava ano após ano a alcançar novos números. Deixo um agradecimento especial ao mister Ricardo Oliveira, o meu treinador nos últimos anos de formação, que me fez perceber o que realmente o futebol me podia dar dali para a frente. Um técnico tem um papel fundamental no crescimento e aprendizagem de um atleta, e para mim foi muito importante ter tido as pessoas certas na formação para dar os passos certos”.

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O primeiro ano de formação na equipa sénior foi de “aprendizagem e de afirmação. Fiz uma época fantástica, tanto a nível individual e coletivo, talvez com um dos melhores grupos que encontrei no futebol até aos dias de hoje”. Seguiu-se a AD Marco 09, Rebordosa AC, Barrosas, Mirandela e CD Cinfães.

Em 2022, surgiu a primeira experiência fora do país, mais precisamente no clube finlandês Kajaanin Haka. “Em junho surgiu a oportunidade de ir para a Finlândia e de poder jogar fora da minha zona de conforto. Arrisquei sem receio, senti que estava na idade certa para isso. os meus pais apoiaram-me sempre nas minhas decisões e foi o mais importante, ter o apoio das pessoas que mais gostamos”, afirma.

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A adaptação a um país com características diferentes do nosso, foi “fácil”, porque para além de Carlos Ferreira, estavam na equipa mais três portugueses. “Fazíamos, praticamente, tudo juntos. Vivi experiências que vou levar para a vida, sempre com o sentimento que o futebol me estava a dar aquilo que eu sempre ambicionei”.

Fazer aquilo que mais gosta fora de Portugal “era uma ambição” e um objetivo “desde muito cedo. Queria conhecer novas realidades desportivas, onde nos sentimos valorizados, porque no nosso país nem sempre é possível”.

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Depois da Finlândia surgiu mais desafio, e também um país nórdico – as Ilhas Faroé – “completamente desconhecido” para o avançado, como o é “para muita gente. Não tive medo de arriscar, mais uma vez, e como a primeira experiência tinha sido positiva, cheguei em janeiro para a pré-temporada. Os campeonatos nos países nórdicos disputam-se em alturas diferentes do resto da Europa, começa apenas em março e termina em outubro. A equipa (Skála Ítróttarfelag) estava em primeiro lugar após cinco jornadas, fiz quatro jogos, dois golos e uma assistência até ao momento”.

Um jogador jovem e com “muita ambição”, Carlos Ferreira considera-se “uma pessoa que luta sempre por aquilo que quer. Sempre lutei pelos meus sonhos e sinto que hoje estou mais perto do que nunca, o meu grande sonho é jogar numa grande liga europeia. Sei de onde venho e, principalmente, sei onde quero ir, que é o mais importante na vida e no futebol”, sublinha.

Quando trabalhamos, quando estamos focados, por mais difícil que seja o resultado, é algo incrível

O futebol é o sonho de muitos jovens e, na primeira pessoa, o lousadense garante que “todos nós que conseguimos atingir algum patamar maior no futebol ou no desporto. Passei por muitos momentos que me fizeram questionar se valia a pena, tanto sacrifício, tantas noites passadas em branco, longe de tudo e de todos, longe da família, longe dos amigos, longe das nossa juventude, porque acabamos por perder grande parte da nossa juventude por termos este grande sonho, mas são sacrifício e tudo na vida sem sacrifício não nos leva a lado nenhum. Por isso, nunca deixem de lutar para atingir o vosso grande sonho. Falo por mim, o futebol deu-me coisas que levo para a vida. Hoje, consigo olhar para trás e ver que muitas dessas coisas fazem sentido e valeram muito a pena. Quando trabalhamos, quando estamos focados, por mais difícil que seja o resultado, é algo incrível. Para muitos ainda não conquistei nada, mas para mim todos dias isto é uma conquista. Não desistindo consegui jogar fora do meu país e realizar esse objetivo. Sei que estou a meio do caminho, mas a resiliência é a palavra que me define”.

Apesar nunca ter tido um ídolo ou uma referência, Carlos Ferreira confessa que sempre foi “um apaixonado pelo futebol. Sei apreciar cada jogador de maneira diferente e é isso que me faz gostar tanto deste mundo. Continuo a olhar para a bola com o mesmo brilho que olhava quando tinha cinco anos“.