campo lapoceiro marco bombeiros autarquia
Publicidade

A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Marco de Canaveses realizou, na noite desta sexta-feira, dia 26 de maio, uma sessão extraordinária da assembleia geral para dar a conhecer, a sócios e a todos os munícipes do concelho, a situação do ‘Campo do Lapoceiro’, que consta na Estratégia Local de Habitação da Câmara Municipal de Marco de Canaveses.

Na assembleia, foi decidido, por unanimidade, redigir uma missiva, em que órgãos sociais, sócios e marcoenses, serão convidados a assinar, a ser entregue à autarquia, como o objetivo de reverter a situação.

Recorde-se que o ‘Campo do Lapoceiro’, que se encontra situado ao lado do atual quartel dos Bombeiros Voluntários de Marco de Canaveses, já pertenceu à associação humanitária, que o adquiriu em 1997. Nessa altura, os bombeiros tinham dois anos para utilizar o terreno, o que não se veio a verificar e, desta forma, o terreno viria a reverter formalmente para a posse do Estado, em julho de 2009. Desde então, tem havido “uma luta constante” para que o ‘Campo do Lapoceiro’ volte a ser afeto aos bombeiros.

campo lapoceiro marco bombeiros autarquia 6
Foto: Jornal A VERDADE

Com a criação da Estratégia Local de Habitação, a autarquia de Marco de Canaveses indicou que parte da construção total de habitações está prevista para o terreno do “Campo do Lapoceiro”. Esta situação foi o motivo para a realização da assembleia extraordinária.

Em declarações ao Jornal A VERDADE, o presidente da Assembleia Geral, Tomás Silva Ferreira, responsável por convocar a assembleia, explicou que o objetivo foi “chamar a atenção, para os sócios e para os munícipes em geral, do problema com que se debatem os bombeiros, a nível da operacionalidade”, afirmou.

Neste seguimento, e após receberem a notícia da afetação do referido terreno à Estratégia Local de Habitação, os órgãos sociais decidiram “chamar os sócios para tomarem conhecimento disso porque, julgamos nós, muitos deles nem sequer sabiam, não só os sócios, mas como grande maioria dos munícipes. Chamar a atenção para isso e decidir que formas de luta é que hão-de os bombeiros encetar, com o acordo dos sócios, para tentar reverter esta situação junto da câmara municipal, que nós achamos ser ainda possível”, referiu.

campo lapoceiro marco bombeiros autarquia 5
Foto: Jornal A VERDADE

Tomás Silva Ferreira destacou ainda a “forte adesão” dos sócios à assembleia, tendo os mesmos decidido realizar a missiva. “Vai ser dado conhecimento dessa carta aos sócios e aos munícipes para quem a quiser subscrever. Depois faremos chegar, o mais rápido possível, à câmara municipal, para sentir o verdadeiro peso dos bombeiros voluntários”, frisou.

O presidente defende que “os bombeiros precisam do Lapoceiro como de pão para a boca”, acrescentando que “há algumas realidades que as pessoas desconhecem”, nomeadamente “a nível da acomodação dos próprios bombeiros”, dando o exemplo “das mulheres bombeiras. Já tivemos de anular uma sala de comando para acomodar mais quatro ou cinco mulheres bombeiras, tem de haver duches destinados a elas e espaços próprios o que, atualmente, é um problema”.

O aparcamento de viaturas é outra das questões. “Temos mais de 50 viaturas, a contar com as históricas, e não temos espaços para estacionar algumas delas, que estão em garagens de particulares”, acrescentando que “algumas delas têm de estar aqui”. Tomás Silva Ferreira falou ainda da inscrição que “é constante e permanente” e que “neste quartel começa a ser impossível fazer isso. As dificuldades operacionais existem, estão cá, vão-se agravar, mas os bombeiros vão continuar a corresponder. E é isto que não queremos, chegar ao ponto em que vamos constatar que os bombeiros já não conseguem corresponder, e é isso que nos assusta, ficando sem o terreno do Lapoceiro”, explicou.

campo lapoceiro marco bombeiros autarquia 4
Foto: Jornal A VERDADE

O presidente da assembleia geral garantiu ainda “ter uma réstia de esperança” de que a decisão da autarquia seja revertida. “Como foi dito, reverter a afetação que a câmara pretende dar ao campo do Lapoceiro não é um passo atrás, é dar um passo em frente, porque a câmara tem possibilidade de  satisfazer as duas partes sem prejudicar nenhuma delas. O que pretendemos é que não se julgue que há uma dicotomia, entre ou é para os bombeiros ou é para habitação, não há essa dicotomia, é possível o campo do Lapoceiro ser para os bombeiros e continuar a haver 60 fogos habitacionais no concelho.”, frisou.

João Monteiro Lima destaca “importância” de dar a conhecer situação aos sócios que “são a alma” dos bombeiros

Por sua vez, o presidente da direção, João Monteiro Lima, foi responsável por expôr, aos sócios e não sócios presentes, uma linha cronológica sobre o Campo do Lapoceiro.

“Tentamos fazer a cronologia de toda a situação, desde quando os bombeiros começaram a identificar o Lapoceiro como uma necessidade, o que aconteceu antes da construção do quartel”, disse. Segundo João Monteiro Lima, as primeira referências são de 1994 e o quartel é inaugurado em janeiro de 1997, ou seja, “antes até da construção do quartel, já sentiam que o quartel iria precisar de crescer. Cada vez mais vamo-nos apercebendo disso”.

campo lapoceiro marco bombeiros autarquia 3
Foto: Jornal A VERDADE

Há 12 anos foi dado “um novo ênfase” à tentativa de recuperar o terreno, que foi perdido em 2009. “O presidente anterior também tinha uma visão relativamente à importância da expansão do quartel, até porque ele próprio foi comandante e sentia isso no dia a dia. Na época, desenvolveu um conjunto de iniciativas, diretamente da associação e através de advogados, junto do Ministério das Finanças para tentar, numa primeira fase, que voltasse à esfera dos bombeiros de uma forma gratuita e até, a partir de certa altura, que fosse possível comprar o terreno”, descreveu.

Quanto a atual direção foi confrontada “com a pretensão do município de construir habitação, os órgãos sociais entenderam pedir novamente uma reunião à câmara, que aconteceu, mas que a câmara voltou a dizer que a pretensão é aquela. Tínhamos de transmitir isto aos sócios, os sócios são a alma desta casa, nunca ficaria de consciência tranquila se não lhes desse a saber o que nós, órgãos sociais, soubemos”, garantiu.

O objetivo foi, então, “dar a conhecer” e fazer com que os sócios refletissem “muito bem”, tendo resultado na referida missiva. “Não é uma tentativa de afrontar o município, é uma tentativa de apelar a que prevaleça o bom senso, a que prevaleçam e sejam reconhecidos, acho que são quase unânimes, os argumentos que usamos, a dificuldade de aparcamento de viaturas, a dificuldade que vamos ter com a instrução dos bombeiros e também o acréscimo que terá de viaturas, num espaço que tem de ser um local de rapidez” disse.

campo lapoceiro marco bombeiros autarquia 2
Foto: Jornal A VERDADE

De acordo com João Monteiro Lima, o terreno do Lapoceiro “é fundamental” havendo “a oportunidade de crescer para lá, dentro das possibilidades dos bombeiros e garantindo sempre a estabilidade financeira, mas temos sempre a reserva, para quando for preciso crescer, possamos crescer para lá”. E recordou as declarações da secretária de Estado da Administração Interna de que “para CIM onde os nossos bombeiros estão enquadrados, não há verbas para construir nem para requalificar quartéis. Só na CIM temos cinco corpos de bombeiros com tantas ou mais necessidades que os bombeiros do Marco”, lamentou.

O presidente da direção afirmou que “a esperança é a última a morrer e eu acredito, tal como foi dito, se a câmara abandonar a pretensão, não é voltar a trás, é avançar. Não é um erro. Estou convencido que os marcoenses perceberão essa decisão”, finalizou.