guigas amarante antonio sampaio
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Um dos postais turísticos de Amarante inclui as tradicionais guigas a dar cor à paisagem com o Rio Tâmega como fundo. Tal como em Aveiro há os moliceiros e no Porto os rabelos, em Amarante há as guigas. As origens destes pequenos barcos, que são agora um ícone do concelho, não são totalmente conhecidas, mas fazem parte da arte de poucos. António Sampaio é um dos amarantinos que ainda conhece esta arte.

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Foto: Guiga construída em madeira por António Sampaio | DR

Nasceu, cresceu e vive ainda perto do rio, por isso, o barco, para si, “já faz parte da mobília” e a ideia de relaxar é sempre ao ar livre, a navegar pelas águas do Tâmega. Apesar de sempre ter trabalhado na área da Construção Civil, aprendeu a arte de fazer as guigas ao ver construir uma e, depois, ajudou a fazer outras. Quando era mais novo, conta que era habitual várias pessoas fazerem as suas guigas para andarem pelo rio.

Há 29 anos, construiu uma sozinho, com a ajuda da esposa, mas, há cerca de dois anos, decidiu vendê-la. Hoje, para os seus passeios, anda numa guiga feita em chapa.

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Guiga feita em chapa

António Sampaio explica que a guiga é diferente do barco comum porque tem duas proas, enquanto o barco tem uma proa à frente e atrás um encosto. Em média, são necessários dois dias para construir uma guiga. Explica que a parte do fundo e dos lados é feita com madeira de pinho e a estrutura e as proas em carvalho, por ser uma “madeira rija, com a segurança necessária”, mas defende que “pode ser feita de diversas maneiras”.

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Aos 69 anos, o amarantino afirma que a tradição de fazer estas guigas não deverá passar para as gerações seguintes da sua família, mas que o neto “gosta de andar de barco”. “Agora já não deve haver quem faça isso, os antigos é que faziam. Os novos nem sabem fazer. É por isso que isto, mais hoje, mais amanhã, se não houver quem dê continuidade, acaba mesmo e é pena”, comenta.

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As guigas seriam utilizadas para diversos fins: para ir à pesca, passeios, travessias entre as margens e transporte de cereal ou farinha de uma margem para a outra. Atualmente, estas pequenas embarcações estão mais associadas à oferta turística de Amarante, sendo um ícone do concelho, que dá a conhecer a cidade.

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Este mês, foi apresentado em Amarante, no Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso, o livro de António Aires, “Barcos do Tâmega”, que retrata uma investigação feita por este professor sobre os barcos e guigas do Rio Tâmega.

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Foto: Município de Amarante