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Ana Moreira da Mota é a mulher que todos os anos, sem exceção, marca presença na AGRIVAL com a lã, o tear e as peças que realiza na “maré” do certame. Atualmente, são 73 anos dedicados a esta arte que aprendeu com a irmã mais velha, aos 14 anos.

Naturais da freguesia de Peroselo, no concelho de Penafiel, à D. Ana juntam-se, durante a Agrival, Laura da Rocha Barroso e Irene Mota Vieira, duas vizinhas e colegas de longa data. No expositor onde permanecem ao longo de dez dias, D. Ana, de quase 88 anos, é apelidada como a “chefe” do grupo, já que é a responsável pelo processo do início ao fim e a única que ainda continua na arte de tecer diariamente.

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Ana Moreira da Mota

Irene Mota Vieira chegou a participar na Agrival durante alguns anos, ainda antes de Ana Moreira, mas com o casamento e os filhos o tempo tornou-se “pouco”. Mais tarde, após o falecimento do marido, a mulher penafidelense precisou de se dedicar a algo e os sacos de lã voltaram para junto de si. De momento, já só se dedica à arte de tecer na semana da Agrival “pelo convívio”. 

Também Laura da Rocha Barroso volta a tecer na Agrival porque sente “saudades” do ambiente. “É só uma vez por ano, vemos pessoas conhecidas, aqui é uma passagem de modelos, as pessoas passam e vamos conversando com elas. Em casa faço as minhas lides e aqui faço algo diferente da minha rotina. Somos vizinhas, mas às vezes ficamos semanas sem nos vermos, aqui acaba por ser um ponto de encontro”, partilha. Laura Barroso participa na feira há 36 anos, já desde os “tempos das escolas”, local onde antigamente era realizada a Agrival.

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Laura da Rocha Barroso

Em conversa com o Jornal A VERDADE, Ana Moreira da Mota, a “anfitriã do stand”, recorda que aprendeu a fazer este trabalho com o objetivo de “ganhar dinheiro. Trabalhei sempre como doméstica e aproveitava o tempo que podia para fazer isto e ganhar dinheiro”. Na altura, era demasiado nova para aprender e, por isso, a irmã, quatro anos mais velha, aprendeu para depois poder ensinar a Ana Moreira. A verdade é que com o passar dos anos, o “gosto” pelo processo de tecer tornou-se “mais forte” do que qualquer outro aspeto.

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Irene Mota Vieira

Ao fim de 73 anos, destaca que “gosto de fazer isto, é com prazer que eu trabalho, isto já é por amor à camisola, não é pelo dinheiro que ganho”, e apesar de já ter produzido dezenas de peças continua sem saber quanto tempo demora. “Não faço conta às horas que perco a lavar lã. Tem de ser em água a ferver, depois de arrefecer é preciso ficar algumas horas em detergente, voltar a lavar com sabão no tanque, dá muito trabalho só para lavar. É um processo muito demorado, secar, esgadelhar, cardar, depois fiar, tem muitas fases… é impossível saber-se quanto tempo leva”, explica. “No fundo, falamos de semanas de trabalho”. 

Foi em 1988 que pisou, pela primeira vez, a Agrival enquanto expositora e, desde então, que não perde uma única Agrival. “É bonito, eu gosto muito do que faço, porque se não gostasse já há muito que não fazia, sinto prazer em fazer, nunca vivi disto, mas gosto. Gosto de vir, sobretudo, por convívio”. 

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Fotos: Jornal A VERDADE