familia chinesa marco
Publicidade

No âmbito do Dia da Língua Chinesa que se assinala esta quinta-feira, dia 20 de abril, o Jornal A VERDADE traz-lhe o testemunho de uma família chinesa que reside em terras marcoenses há mais de vinte anos. 

Fangwen Jia e a sua esposa, Yuelian Yang, naturais da China, cidade de Zhejiang, chegaram a Portugal em novembro de 2000. O objetivo principal, à semelhança de grande parte dos imigrantes, era vir “à procura de uma vida melhor. Já tínhamos um amigo chinês que vivia aqui e, por isso, decidimos vir para Portugal”. 

Durante os primeiros tempos, o casal começou por trabalhar em feiras e festas através da venda de diversos produtos, sobretudo, roupa e brinquedos. Mais tarde, abriram o seu próprio negócio. “É melhor trabalharmos para nós, termos o nosso próprio negócio era um objetivo. Queremos melhorar a nossa vida, por isso, tendo condições preferimos abrir um estabelecimento”. 

Sete anos mais tarde, em 2007, Tingting Jia, uma das filhas, decidiu juntar-se aos pais e viajar da China até Portugal. Na altura, com apenas 12 anos partilha que a adaptação, numa fase inicial, foi “difícil. Quando vim para aqui não sabia a língua, era um país totalmente desconhecido”. No entanto, acredita que para si foi mais “fácil” aprender a língua portuguesa do que para os pais. “Os meus pais vieram já tinham 20 e tal anos e nessa idade é mais complicado aprender”, explica. Embora, a própria loja ajude a aprender já que contactam com clientes portugueses diariamente.

Passado mais de dez anos, Tingting Jia adaptou-se a Portugal, terminou a escola e ingressou num curso de Joalharia na ESAD, acabou também por casar e foi presenteada com o nascimento da sua primeira filha. A barreira com a língua foi ultrapassada e o país conseguiu conquistar uma parte do seu coração, embora façam questão de manter as tradições, principalmente, dentro de portas. 

Em contexto caseiro, chinês é a língua que soa e a comida servida à mesa é também tipicamente chinesa. Uma vez por ano, principalmente antes da pandemia, visitavam a sua terra natal e, pelo menos no caso dos pais, o desejo é, após a reforma, regressar à China. Fangwen Jia, de 55 anos, partilha que “adora o Marco de Canaveses” e considera ser “um bom sítio para passar férias”, mas regressar a casa é sempre uma ambição.

Tingting Jia, a filha, volta a juntar-se à conversa e descreve Portugal como um país “mais calmo”, ao contrário do ambiente chinês. “Os chineses são mais rigorosos, cumprem melhor os horários e trabalha-se muito, aqui é mais tranquilo. Lá acaba por ser um ritmo mais rápido, mais stressante e acelerado”. 

Quando questionada sobre o que mais gosta na sua segunda casa, diz que são os “próprios portugueses”, povo que considera “simpático. As pessoas receberam-me bem, claro que existe xenofobia, mas isto é em todo o lado. Na escola também fui bem acolhida, os meus colegas eram simpáticos o que facilitou a minha integração”. 

Fangwen Jia, Yuelian Yang, e a filha Tingting Jia residem em Portugal, em conjunto, com mais uma irmã. Já o resto da família, inclusive, outros dois irmãos permanecem na terra natal.