eleiooes legislativas 2024 daniel gaio volt portugal
Publicidade

No próximo dia 10 de março, os portugueses serão chamados às urnas para eleger os deputados que vão representar os eleitores na Assembleia da República.

Nesse âmbito, o Jornal A VERDADE esteve à conversa com Daniel Gaio, cabeça de lista do Volt Portugal, no círculo eleitoral do Porto, que nos apresentou os objetivos do partido, os contributos que poderá dar para o distrito e a medida mais urgente a tomar após as eleições.

Quem é Daniel Gaio?

Chamo-me Daniel Gaio, sou natural de Vila Nova de Gaia e tenho 24 anos. Licenciei-me em Línguas e Relações Internacionais pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) e fiz o Mestrado na Faculdade de Economia (FEP) em Economia e Gestão Internacional. Já trabalhei como estagiário de Design de Autocarro, estagiário de Internacionalização de Empresas, estive numa empresa portuguesa de consultoria de informática e o meu trabalho era internacionalizar a empresa para o mercado da Escandinávia, nomeadamente, para a Dinamarca e Suécia. Atualmente, estou a trabalhar como Business Development numa consultora do Norte. 

Juntei-me ao Volt quando o partido apareceu pela primeira vez em Portugal, quando ainda era movimento, em 2017. Andei na recolha de assinaturas e, a partir daí, acabei por me tornar presidente do Volt Distrital Porto, atualmente, já passei a pasta. Fui o segundo presidente e a minha principal função foi expandir o Volt Porto e acabou por ser o meu grande contributo. Quando entrei o Volt Porto tinha três membros a contar comigo, quando passei a pasta ao próximo presidente já passava dos 30 membros e agora já passa dos 70 membros, por isso, o meu foco dentro do Volt sempre foi fazer com que deixassemos de ser um partido pequeno e de nicho e passassemos a ser um partido cada vez mais reconhecível, queria que mesmo quem não votasse em nós soubesse quem nós eramos. 

Quais são os propósitos do Volt Portugal?

Nascemos durante o Referendo de Brexit, quando houve um crescimento do populismo e da extrema direita e esquerda na Europa, surgimos como um movimento contra a demagogia e anti-populista, assente no saber científico e nos factos.

Já é a terceira vez que concorremos, a segunda numa legislativa e também já concorremos uma vez nas autárquicas pelo distrito do Porto. Tentamos sempre encontrar população e organizações e ver o que é que cada um deles precisa. Foi também a partir disso que fizemos o nosso plano, além de que trouxemos boas práticas de outros países europeus para cá. Numas eleições legislativas elaboramos um plano muito mais nacional e que já esta disponível, aliás, fomos um dos primeiros partidos a publicar. Todo o nosso plano político é uma quebra com a política tradicional portuguesa, enquanto que a maior parte dos partidos portugueses olha para a política portuguesa apenas como algo exclusivamente português, nós olhamos para a política portuguesa como uma política que também é ela europeia e como tal, como vemos muita gente a comparar Portugal com outros países da Europa, a dizer que na Alemanha os salários são melhores, na França as rendas são do mesmo preço que as nossas e o salário é o triplo, como somos também um partido europeu e estamos em 31 países, nós coordenamos o esforço a nível nacional e internacional para fazer um plano que vá buscar ideias que funcionaram nesses países e traze-las para Portugal.

Quais são as prioridades e/ou contributos que o Volt Portugal pode dar ao distrito do Porto, no global, mas também ao território nacional?

Habitação

Quando se fala da habitação em Portugal temos partidos que dizem: ‘é preciso mais casas sociais’, temos partidos a dizer ‘é preciso proibir a venda de casas a estrangeiros que não as usem como residência’, tudo isso para nós é muito radical. Nós olhamos para a habitação e para o problema da habitação que temos como algo que deve ser resolvido à semelhança da Holanda e da Áustria, isto é, dois países que criaram um tipo de habitação novo chamado “Cooperativa de Habitação”. É uma casa ou bloco de apartamentos feitos em cooperação com o setor público e privado e que irá ser um benefício tanto para o setor privado como para o público. O setor privado vai construir essas habitações, por isso, vai ter trabalho e depois essas casas irão ter rendas abaixo do valor de mercado, mas que dê na mesma lucro aos privados que irão arrendar essas casas, assim, irá haver mais oferta, porque um problema que nós temos é de não haver oferta suficiente e isso tem de ser resolvido com a criação de mais oferta. Se há falta de casas que se construam mais casas e que se faça como se fez nos países em que isto está a resultar.

Para além disso, tanto nas autárquicas como agora nós sempre defendemos que vários edifícios que o estado tem abandonados também deveriam ser convertidos em casas e habitações a rendas controladas, para de novo tentar trazer a classe média ir para as cidades e como tal fazer um género de Cooperativa de Habitação, mas 100% do estado ou da câmara.

A Volt Portugal vê os vários problemas do país não como um problema tipicamente português, mas como algo que acontece em Portugal, mas também acontece em outros países do nosso continente, da própria União Europeia, por isso, temos de aprender com eles. Costumo dizer que a roda já foi inventada e Portugal não tem de reinventar a roda, porque sempre que tentamos reinventar a roda sai um quadrado, temos de saber o que é que funcionou e temos de implementar aqui. O nosso plano tem referências que as pessoas podem consultar e as referências têm as estatísticas e as leis dos outros países, não sou simplesmente eu a dizer ‘isto fez-se no país X podem acreditar em mim’, nós temos as referências de como eles fizeram isso.

Economia

O turismo é essencial e não queremos diminuir o papel do turismo, mas queremos que outras áreas portuguesas também cresçam, queremos um maior investimento nas chamadas tecnologias de futuro e áreas do futuro, como as empresas e startup de processadores que estão a nascer em Portugal. Queremos que empresas de tecnologias de futuro tenham mais investimento estatal, tenham mais bónus e maior apoio, não só com o PRR que temos e com os apoios que a União Europeia nos dá, mas ter ainda mais.

A Volt Portugal pretende também melhorar a política fiscal, nós vemos a política fiscal portuguesa como algo demasiado complexo, queremos simplificar o processo fiscal. Neste âmbito, propomos a criação de um Ministério da Digitalização, que era um pequeno ministério que iria funcionar apenas para digitalizar tudo o que seja do estado português, seja relacionado com a fiscalidade, saúde (dos hospitais até aos pequenos centros de saúde), segurança social, educação, entre outros. Queremos que Portugal seja um país cada vez mais digital, não só porque é mais amigável para a natureza, porque se usa menos papel, mas também porque é mais rápido.

Justiça

Nós queremos ajudar a desentupir a justiça e melhorar os sistemas de informação da justiça, criar canais próprios para a justiça, criar tribunais próprios para casos de corrupção para não ficarem entupidos em outros casos de tribunais que são mais gerais, queremos fazer com que tudo seja mais rápido, mais digital e que haja canais de comunicação e canais de desenvolvimento próprios para vários setores, desde a justiça à saúde.

Saúde

Na saúde uma das nossas soluções para os médicos de saúde passa, por exemplo, por cada centro de idosos ter médicos especializados que se irão tornar os novos médicos de família desses idosos. Logo, os idosos que já estão inscritos nos centros de idosos ficam sem o seu médico de família habitual e esse médico de família irá ter vagas para outras pessoas.

Ecologia

Somos também um partido extremamente ecologista, tanto que no Parlamento Europeu fazemos parte do Grupo dos Verdes, em conjunto com o PAN e o Livre. Defendemos a neutralidade carbónica, queremos maior mobilidade e melhores transportes públicos, no tema do TGV nós somos 100% a favor de ligarmos a rede a Portugal para ficarmos conectados na rede europeia do TGV. Defendemos uma melhor gestão florestal e um sistema alimentar melhor e que seja não só a nível nacional, mas também a nível escolar. Acreditamos que as escolas deveriam ter capacidade de fazerem alimentos para os alunos, porque há várias escolas que simplesmente compram as coisas feitas para as cantinas, nós defendemos que as cantinas deveriam de fazer alimentação saudável na própria escola para os alunos, isto também seria bom para os nossos agricultores, porque iam estar a vender diretamente para as escolas ou para os distribuidores das escolas.

União Europeia

O Volt Portugal é um partido europeu, não é um partido tipicamente português. Nós defendemos que a Europa tem de ser mais coesa, queremos que Portugal tenha uma voz mais ativa na Europa e na política da União Europeia (UE). Queremos criar uma união fiscal dentro da UE e dar mais poder ao OLAF que é uma agência europeia que vistoria a corrupção em vários países da Europa. Esta agência existe, vistoria, mas não tem grande poder sobre o que fazer com os casos de corrupção que descobre, e nós, queremos que passe a ser mais do que apenas uma agência, uma polícia anticorrupção na Europa. Assim, não ficamos apenas dependentes das práticas anticorrupção de cada país, mas também fazemos com que haja uma organização internacional que vigia as contas de todos os países e partidos para conseguirmos fazer um melhor combate à corrupção não só a nível nacional, mas também internacional e, assim, seremos uma forte democracia europeia, dando ainda mais poder ao Parlamento Europeu.

Distrito do Porto

Para o distrito do Porto falamos, sobretudo, em transportes e reativar várias linhas de ferro como é o caso de Leixõe. Na saúde sempre defendemos a criação de um polo de saúde no Porto, nomeadamente, para investigação, mas isso é um assunto, sobretudo, para umas autárquicas. No entanto, estes assuntos são muito a nível nacional, porque Portugal nestes pontos está muito atrás da Europa não só a nível do Porto, mas também a nível nacional.

O nosso plano é um plano a longo prazo, claro que temos propostas a curto e médio prazo, mas o nosso plano especialmente económico e financeiro e até de justiça é sobretudo um plano a dez anos, por isso, é que dizemos muitas vezes salários europeus daqui a dez anos, porque acreditamos que políticos que propõem que ganham agora as eleições e que daqui a quatro anos Portugal já está melhor em tudo e mais alguma coisa para nós isso não passa da demagogia. Nós temos de encarar os factos como eles são e fazer um país desenvolver não é da noite para o dia, temos de criar planos económicos a longo prazo para conseguimos chegar até à tão aclamada média europeia que Portugal não faz parte.

Se for eleito, qual será a medida mais urgente a tomar?

Sempre achei que a economia era uma das bases da sociedade, porque queremos fazer mais investimento na justiça, saúde, transportes públicos, mas se não houver dinheiro para isso não vai haver investimentos, por isso, acredito que temos de nos focar no renascimento económico de Portugal. Quando a economia cresce a população fica com mais dinheiro e gasta mais, mas também possibilidade que o dinheiro seja investido nas áreas acima mencionadas. Defendemos um sistema económico muito mais liberal e impostos mais baixos. Nós queremos dinamizar ao máximo a economia portuguesa e que a economia seja feita de baixo para cima, da população e das empresas para o estado e não do estado para a população, nós não queremos que Portugal seja um país de subsidiodependentes, queremos que seja um país de pessoas que tenham a sua própria ambição e a sua própria visão para o futuro.