valter carolino
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No Dia Mundial da Alimentação, 16 de outubro, o Jornal A VERDADE conta a história de dois amigos que passaram da obesidade a um estilo de vida saudável e equilibrado.

Valter Francisco, natural de Bem Viver, Marco de Canaveses, iniciou em 2018 o seu processo de mudança após ingressar no ginásio.

“Bati com aquelas máquinas todas, comecei a fazer os exercícios que me mandavam e pensei que, de um momento para o outro, ia sentir-me uma pessoa diferente”, confessa o homem de 38 anos.

Valter achava que era “chegar ali meia dúzia de dias e transformava-me noutra pessoa”, mas o tempo mostrou-lhe que teria de batalhar.

Para Valter sair dos 96 quilos e chegar aos 85 teve de se levantar às seis menos um quarto da manhã e às sete horas estar no ginásio, de domingo a sexta-feira. Depois de um ano, chegou à conclusão que menos de 85 quilos “não conseguia”.

Em conversa com o Jornal A VERDADE, partilha que teve vários momentos em que quis “desistir. Chega a um certo ponto que se batalha muito e não se vê resultados”, afirma.

Após um ano, chegou o “desânimo. Não querer ir, comecei a achar que não conseguia”, diz. Valter estava longe de perceber que o caminho que se seguia seria “muito mais difícil”.

O amigo Carolino Correia era o parceiro de “tainadas” de Valter e acabou por ser a sua principal influência, mas apenas um ano mais tarde quando “acordou” e viu que o seu amigo estava “a ficar totalmente diferente”.

Carolino Correia, tem 40 anos, e é natural de Chaves. Em 2018, pesava quase 130 quilos e iniciou o processo de emagrecimento por “problemas de saúde”.

Passou a margem dos 100 quilos depois de a sua filha nascer e ter de cuidar dela e da esposa. “Esse processo levou-me a comer mais. Foi uma bola de neve, atirei a toalha ao chão. Achei que nunca mais ia conseguir voltar ao normal”, partilha.

Anos mais tarde, viu na balança os 74 e agora estabilizou-se nos 80, mas destaca que “devemos esquecer a balança, porque ela mente. Nós podemos ganhar massa muscular e perder gordura e a balança vai dizer que temos mais peso. A fita métrica nunca mente”.  

No início do processo, Carolino sentiu “falta de apoio dos amigos. A sociedade não consegue compreender que a pessoa quer mudar, não estavam preparados para a mudança até verem que eu era capaz”. O próprio Valter chegou a dizer que “Carolino já não era o mesmo”, até se juntar a ele.

A comida foi um ponto de viragem na vida desta dupla. Antes de adotarem um estilo de vida saudável, Valter considerava que “podia comer de tudo, que não tinha de tirar à boca”.

Mais tarde, começou a pesar a comida por grama e a ter uma dieta para a qual não estava preparado. “Foi muito mais difícil do que estava à espera, alimentar-me sete vezes ao dia com quantidades pequenas”, conta. Finalmente, a “comida suja” passava a ser uma exceção e não uma regra.

Em outros tempos, os dois amigos juntavam-se para almoçar com o pensamento no que iam lanchar. O pequeno-almoço e o lanche eram acompanhados de dúzias de pães, que “satisfaziam o desejo, mas depois vinha a fome outra vez”.

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Foto: Carolino Correia

Entretanto, Valter atingiu os 76 quilos e a autoestima surgiu. “Aparecem dificuldades na vida que já não nos abalam tanto, ajuda a superar mais. Com obesidade, num instante, enfraquecia, não queria falar com ninguém”, explica.

O filho foi outro motivo para Valter mudar de vida. Recorda uma consulta em que o médico revelou valores de exame totalmente alterados, que Valter justificou por estar em casa a cuidar do seu filho. Mas a médica afirmou: “se gosta tanto do seu filho porque não pega no carrinho e não vai dar uma caminhada com ele?”, frase que lhe ficou na memória até hoje.

À questão se está mais feliz hoje em dia, Valter responde que “o acordar de manhã pode estar nublado, mas a nossa mente está tão positiva, nós olhamos para o céu e parece que vemos o sol. É uma sensação única e brutal. Com 38 anos, voltei a sentir-me um jovem de 18”.

Apesar de objetivos idênticos, os dois amigos têm visões diferentes sobre o processo. Valter considera que começar é mais difícil e Carolino afirma que é manter o foco ao longo do tempo. De qualquer das maneiras, o peso continua estável e o maior medo é “voltar ao passado”.

A dupla deixa um incentivo às pessoas para que “peçam ajuda. Desejo a maior força e que sejam felizes, porque este mundo é dois dias”, afirma Valter. Carolino acrescenta que “mudar a mente é o primeiro passo para mudar o corpo”.