A atriz natural de Vila Boa de Quires, Marco de Canaveses, é uma das protagonistas do filme "Légua".
Fátima Soares nasceu junto à margem direita do Rio Tâmega a 14 de março de 1948 e, embora a vida não lhe tenha proporcionado seguir uma carreira de atriz, a oportunidade acabou por surgir já na reforma. Aos 75 anos estreou-se no filme "Légua" após ter realizado um casting pela Universidade Sénior do Marco de Canaveses.
Apesar da infância ter sido passada no Porto, Fátima Soares continuou a ter uma costela em Marco de Canaveses, cidade a que acabou por regressar anos mais tarde por "motivos familiares e profissionais".
As circunstâncias da vida acabaram por fazer com que Fátima Soares emigrasse sozinha para o Reino Unido em 2006, aos 58 anos ao mesmo tempo que enfrentava um "desafio novo" também realizava mais um dos "sonhos" que tinha desde a adolescência, viver no Reino Unido.
Esta aventura, que durou cerca de dez anos, permitiu-lhe "conhecer novas culturas" e aperfeiçoar o inglês através do Milton Keynes College. Mas mais uma vez a vida trouxe-a de volta ao Marco e, a partir de 2017, tem estado por terras marcoenses, apesar de visitar com regularidade os seus amigos que a acolheram "como verdadeiros familiares".
Aos 69 anos, Fátima Soares continuava sem conseguir estar parada. "Quem me conhece, sabe que não consigo estar sem fazer nada. Sou muita ativa, aliás, deve ser 'doença hereditária' que se perpetua em toda a família", partilha.

Enquanto realizava uma pesquisa para encontrar uma nova atividade, deparou-se com a Universidade Sénior para a qual acabou por ingressar em 2019. "Inscrevi-me na nossa querida Universidade Sénior, na atividade de teatro, que foi sempre também uma das minhas paixões".
Em abril de 2021, Fátima Soares voltava a ser desafiada, desta vez, pela reitora Cármina Bernardes. A Universidade Sénior, à semelhança de outras instituições, tinha sido convidada pelos produtores e realizadores Filipa Reis e João Miller Guerra a realizar castings. Encontravam-se à procura de "grupos de teatro amadores nos arredores do nosso concelho".
Os traços de personalidade e a atitude corresponderam aos padrões do ator natural que estavam à procura e Fátima Soares acabou por ser uma das escolhidas. "Primeiro entenderam que eu cumpria as características pretendidas e depois eu questionei e expus as minhas limitações e acabei por aceitar", explica.
A partir desse momento, era uma das personagens principais da longa-metragem "Légua". Em conversa com o Jornal A VERDADE garante que se "entregou de corpo e alma" a este projeto e provou que "apesar da idade ainda é possível realizar sonhos. Empenhei-me com toda a coragem para a concretização de algo que me era totalmente desconhecido".

Sendo natural de Marco de Canaveses afirma que se encontra "especialmente feliz" por ter a oportunidade de "levar um cantinho da nossa terra ao mundo". Assim, Fátima Soares agradece a toda a Universidade Sénior e em especial à reitora. "Agradeço à D. Cármina Bernardes que afincadamente se empenha com os seus colaboradores no engrandecimento da nossa terra", acrescentando que "aplaude" a iniciativas como estas porque "deve-se sempre evoluir para mantermos a nossa saúde mental".
As gravações do filme "Légua" foram realizadas na freguesia de Várzea, Aliviada e Folhada, em Marco de Canaveses. O filme irá estrear-se, no dia 23 de maio, no Festival de Cannes, em França, durante a Quinzena de Cineastas.
Este filme conta a história de "três gerações de mulheres que procuram compreender o seu lugar num mundo que desvanece, onde o ciclo da vida apenas se renova a partir de finais inevitáveis".
https://averdade.com/filme-legua-realizado-em-marco-de-canaveses-vai-ser-exibido-no-festival-de-cannes/