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Já muito se fez e mudou no que à homossexualidade diz respeito, mas muito ainda há para mudar na opinião e experiência de José Melo. 

‘Assumir-se’ a si próprio e à família é, e foi, “complicado” quando se vive “num meio mais pequeno. “Havia sempre um receio”, recorda o jovem de 22 anos.

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Mas, mais tarde, esse dia iria chegar e foi precisamente quando conheceu o futuro marido. “Conheci o Diogo, começamos a sair e eu pensei ‘realmente é mesmo isto que eu quero’”. Durante quase um ano, o namoro foi vivido “às escondidas. Ia para casa dele várias vezes, ficava lá e a minha família começou a fazer perguntas. Entretanto viram-me com ele e foram contar a uma pessoa da minha família”, conta.

O “afastamento” foi a reação imediata de José para lidar “melhor com a rejeição. Se quando me assumisse, as pessoas que eram importantes para mim se afastassem não ia sentir tanto a falta delas. Foi aí que me refugiei“.

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A cunhada foi a primeira pessoa a saber, e depois o irmão. “Sempre me respeitou. Como é óbvio foi novidade para eles, e como nós precisamos do nosso tempo, eles também precisam. Depois foi a minha irmã, a quem contei por chamada”.

Da família nunca teve uma “reação má”, mas recorda o dia em que abordou o assunto junto da mãe. “Já toda a gente sabia e começavam a falar do assunto, então resolvi falar com ela. Acordei e pensei ‘ok vai ser hoje’. Chorou, mas sempre compreendi, porque eu também precisei do meu tempo. No início, disse que não o queria ver, mas no aniversário dela convidou-nos para jantar. A partir daquele dia foi tudo tranquilo. É capaz de fazer a comida preferida dele só porque sabe que ele lá vai. Dão-se muito bem”, partilha José com felicidade.

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Quanto ao pai, confessa que “sempre existiu um afastamento. Foi criado de uma maneira diferente e acabou por aprender aquilo que não era certo. Embora viva comigo nunca tive a necessidade de chegar ao pé dele e dizer é isto. Ele sabe. O Diogo vai lá a casa e ele fala para ele. Nunca me disse absolutamente nada, mas tem a maneira dele de apoiar”.

O processo de autoconhecimento demorou algum tempo, porque o pensamento de “eu não posso era constante. Via na televisão tanta historia má e achava que poderia acontecer isto comigo. Mas depois pensei, ‘tenho o direito de ser feliz seja com quem for e foi o Diogo”.

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José seguiu o coração e três anos depois já prepara o dia que será “o mais feliz” da sua vida. Apesar da felicidade, o casal tem noção de que o “não” poderá ser ouvido. “Sei que vou ouvir muitos nãos e provavelmente de algumas pessoas que me criaram e independentemente de tudo, gosto daquelas pessoas. Mas se não forem também não posso fazer nada. Só espero que o dia esteja extraordinário”.

Os sonhos deste casal são vários, mas um dos “maiores é ter um filho. Já nem sonho em ter casa, mas sim um filho. No nosso caso, a opções são a adoção ou uma barriga de aluguer fora do país”.

José não tem dúvidas de que a paternidade devia ser para todos, e que o amor pode ser dado por todos: “o amor vence tudo. Tudo é possível”.