O chegar da pandemia foi, para muitas pessoas, o despertar para novos mundos e descoberta de novas paixões. E assim foi para Soraia Moura que com apenas 16 anos decidiu retratar em livro algumas vivências pessoais, criatividade e abordar o tema do empoderamento feminino.
“O livro surgiu quando estava a acabar o 9.º ano, tinha 14 anos. Conheci o site do Wattpad, onde dá para escrever histórias e publicar online. No início nem queria escrever porque normalmente nunca gostava muito do que escrevia. Mas uma grande amiga da altura incentivou-me a escrever”, conta a jovem ao Jornal A VERDADE.

Até à chegada da pandemia Soraia confessa que “não gostava de ler” e achava ser uma “perda de tempo”, mas o primeiro confinamento foi um virar de página. “Conheci esse site, comecei a ler online, a pegar em livros que tinha em casa e até agora nunca mais parei”.
Assim começou uma história escrita e criada “do zero. Nunca pensei escrever o ‘Fica Comigo’, mas tem sido uma nova descoberta, numa fase da minha vida em que estou focada no meu autoconhecimento e de saber o que gosto e o que é bom para mim”, confessa Soraia Moura.

Dedicado à melhor amiga da altura, porque eram “muito chegadas e ajudou-me muito”, o livro “é um romance que retrata a história de uma mulher que é chefe de uma editora. Essa mulher pensava que vivia num mundo onde as pessoas gostavam dela, mas na verdade só a queriam pelo que ela tinha e não por aquilo que era”.
Para a sua criação, a jovem foi buscar algumas das suas vivências ao longo destes anos. “Sofri de bullying durante quatro anos e pensava que essas pessoas eram minhas amigas e só faziam isso para terem alguma coisa para brincar, mas na verdade eram pessoas mais vazias do que eu. Então peguei nessas características e tentei colocá-las nessa protagonista”, revela.

Soraia reconhece que pode ser uma “inspiração” para outros jovens e o livro um meio de transmissão sobre a mensagem do empoderamento feminino. “Gosto muito de falar sobre este tema e de lhe dar atenção, porque há muita gente na sociedade que, infelizmente, não consegue ver que a mulher pode chegar onde ela quiser, só por ela mesma e não porque precisa de um homem. É mesmo nisso que fala o livro”.
Tanto a escrita como a leitura “podem ser um refúgio como foi na altura em que descobri o Whattpad e sofria de bullying. Percebi que ler não era assim tão mau e que me ajudava a ver diferentes pontos de vista”.

O apoio da família tem sido para a jovem “um fator importante. tenho sorte porque sempre me apoiaram em tudo. Eles dizem que trabalhar é difícil, e que se trabalhasse numa coisa que não gostava. não ia ser trabalho, mas sim tortura. Então esforço-me para fazer aquilo que gosto”.
Soraia Moura sonha ser atriz e apresentadora de televisão, dois mundos que a “apaixonam” e que quer “conciliar se conseguir”.
O livro foi “um ponto de partida” para uma nova “descoberta e quem sabe o primeiro de muitos. Tenho ideias para próximos, mas para já só tenho um no papel e não sei se quero avançar”, conta.
Aos jovens que ambicionam seguir um percurso semelhante ao seu, aconselha “a seguir e lutar pelas suas ambições. Sei que há muitas famílias que não apoiam, mas comecem por vocês próprios”.