A veia artística estava já presente na família de Sónia André, através de “um tio que fazia digressões pelas festas e romarias”, mas apenas a cantora e compositora seguiu o rumo profissional.
Aos 10 anos, Sónia André começou por estudar guitarra e, ao mesmo tempo, percebeu que “gostava de cantar”. Prosseguiu a formação na escola de jazz do Porto, onde teve aulas de canto, guitarra e piano, durante cinco anos, “uma formação bastante completa”.
Depois de onze anos de carreira com o seu ensemble vocal de música antiga Origo Ensemble, a cantora aposta agora numa nova linguagem. “A minha formação base é no jazz, mas entretanto senti a necessidade de explorar outros estilos musicais”, revela.

Sendo a voz o seu instrumento de eleição, assume também o papel de instrumentista. Foi, ao longo dos anos, “desenvolvendo capacidades musicais e crescendo a nível musical” à medida que foram aparecendo novos instrumentos e que “começou a aprender. Nos arranjos sempre que a música me pede um instrumento que acho que consigo interpretar tomo esse papel, mas o meu instrumento principal é a voz”.
Com algumas ideias “na gaveta que gostaria de explorar”, foi na pandemia que “com menos trabalho e mais tempo” se dedicou a criar e a desenvolver projetos adiados. “A partir de 2019 comecei a fazer mais arranjos e a pensar em lançar-me a solo. Depois chegou a pandemia da COVID-19 e decidi criar e pensei que era o momento certo”, acrescenta.

Em outubro de 2021 lançou o seu primeiro single, uma versão da canção “Barco Negro” (interpretada pela fadista Amália Rodrigues) e prepara-se para, brevemente, lançar o seu segundo single e o primeiro original a solo “Origami” no dia 22 de abril. “A criação da música não foi difícil. Há músicas que trabalho durante algum tempo, anos às vezes, mas essa foi muito espontânea” revela a cantora que se inspira em tudo o que a rodeia no processo criativo. “Tudo o que escrevo é a minha interpretação das coisas”, sublinha.
O novo single, “Origami”, reflete a “flexibilidade que é necessária ao ser humano para se adaptar aos desafios da vida”. Uma “resiliência necessária” para quem vive das artes e da música, “principalmente nestes últimos dois anos”.

Tal como todos artistas, Sónia André é confrontada com momentos de frustração e imprevistos que lhe proporcionam “uma grande bagagem e preparação” para o futuro.
A nível musical a cantora reconhece estar “onde queria, a fazer músicas todos os dias e a trabalhar profissionalmente na área”. O ano de 2022 será dedicado à “construção do novo projeto”: a gravação do álbum a ser lançado no outono. “Estou a trabalhar para para esse objetivo, apresentar-me ao público com uma nova linguagem e ficaria imensamente feliz se o público se identificasse com a minha música”, conclui.