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O presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM), José Carlos Santos, referiu à agência Lusa que os alunos das áreas ligadas às ciências e engenharias “vão chegar mal preparados às universidades devido às mudanças nos currículos do ensino secundário”.

“O problema está nos programas de Matemática do ensino secundário que, na nossa opinião, não vão preparar bem os alunos para o ensino superior”, disse José Carlos Santos, a propósito do Dia Internacional da Matemática, que se assinalou esta terça-feira, dia 14 de março. 

Numa retrospetiva de como o ensino da Matemática tem evoluído em Portugal, José Carlos Santos, que assumiu o cargo em 2022, começou por afirmar que não existe “um programa que se mantenha estável por uma ou duas gerações”.

A alteração mais recente vai entrar em vigor no próximo ano e procura corrigir o modelo atualmente em vigor, definido no mandato do ex-ministro da Educação Nuno Crato.

Um dos princípios que orientou o novo modelo para o ensino secundário é o de uma matemática para todos e para a cidadania e, entre as principais novidades, a partir de 2024, os alunos do 10.º ano vão ter um primeiro período de aulas semelhante, independentemente de estarem em ciências, humanidades, artes ou cursos profissionais.

A SPM já se tinha manifestado contra as alterações e no início do ano acusou o Ministério da Educação de atirar a aprendizagem da Matemática no ensino secundário para “mínimos históricos inexplicáveis”, apontando “múltiplos e graves problemas” num parecer às novas aprendizagens.

“Este programa sacrificou a unidade lógica da Matemática e as ligações lógicas entre as várias coisas. Fica mais um conjunto de factos separados e é mais fácil aprender assim, o problema é que quando o aluno vai para um curso científico não está preparado”, insistiu José Carlos Santos, que é também professor na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

“E das duas uma: ou se dá muito mal no ensino superior ou, alternativamente, o ensino superior terá de baixar o nível. Qualquer um dos casos é muito triste”, acrescentou.

O presidente da SPM tem, por outro lado, dúvidas quanto aos objetivos dos novos programas, que pretendem que os alunos se sintam mais à vontade com a matemática. Para José Carlos Santos, o resultado será alunos expostos a menos conhecimento sob a ilusão de que estão mais aptos para usar a matemática no dia-a-dia, justificando que “a Matemática que tem usos em situações reais é demasiado avançada para aquilo que é razoável dar no (ensino) secundário”.