O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) denuncia a “ocorrência de vários episódios de violência contra médicos” nas instalações do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, EPE, em particular no Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental.

Num ofício enviado no dia 16 de janeiro ao Conselho de Administração do CHTS, o SIM refere que “as condições físicas dos gabinetes médicos daquele departamento não cumprem medidas de segurança no que respeita a equipamentos e estruturas para prevenção de violência contra profissionais de saúde”.

Contactado Jornal A VERDADE, Hugo Cadavez, secretário regional do Norte do SIM, começa por destacar “a falta de um vigilante permanente” no Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental. “Se há um episódio de violência o segurança não pode demorar 10 minutos a chegar aquele edifício. Portanto, deveria estar em permanência naquele local”, frisa.

Relativamente a equipamentos e estruturas que possam prevenir episódios de violência contra profissionais de saúde, Hugo Cadavez alerta para a “inexistência de portas de fuga. Estamos a falar de um departamento onde há doentes internados com patologia psiquiátrica grave, por vezes descompensada, e que em consequência da sua doença psiquiátrica grave podem ter episódios de violência contra profissionais”.

Também a disposição do mobiliário dos gabinetes é apontada como um fator “agravante do problema. Se um médico não tem acesso rápido à porta para fuga em caso de ameaça ou agressão, naturalmente estamos a agravar um problema que existe”.

No ofício, já mencionado anteriormente, foi destacada ainda “a existência de gabinetes médicos pequenos, com apenas uma porta” e a “inexistência de botão de pânico”, que para o secretário regional do Norte do SIM “podem ser importantes. Já se falou várias vezes, mas não existem e seria interessante que estivessem disponíveis”, sublinha.

Hugo Cadavez sublinha a urgência de “haver melhores condições” para evitar situações futuras semelhantes, mas aponta para a “desvalorização” apresentada pelo Conselho de Administração do CHTS. “Dizem que houve apenas um caso grave nos últimos tempos. Mas qualquer caso de violência contra profissionais de saúde deve ser tratado como grave. Não se pode desvalorizar o problema, mas sim criar as condições para que estes episódios sejam mitigados”.

Segundo o secretário regional, os episódios de violência estendem-se “aos doentes internados. Eles próprios não estão protegidos face às condições de serviço. É importante que o concelho de administração não desvalorize o problema e que tome medidas concretas para evitar que estas situações continuem a ocorrer”.

O SIM expôs a situação ao Conselho de Administração do CHTS, mas até ao momento “não obteve resposta. O que sabemos é pela comunicação social, em que de facto há uma desvalorização do problema”, explica Hugo Cadavez.

Na comunicação, o SIM apela à “imediata alocação de um vigilante ao edifício do Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental desse centro hospitalar e colocação de botões de pânico em todos os gabinetes médicos”.

Face à denuncia apresentada, o Jornal A VERDADE contactou o CHTS que, em reposta ocorrência de episódios de violência, confirma “ter havido um episódio de violência grave sobre médicos, no serviço de internamento de psiquiatria e que originou o pedido de transferência do doente da instituição, bem como medidas suplementares”.

No que diz respeito ao pedido do SIM de um vigilantes permanente, revelam que “passaram a fazer-se rondas regulares” e, por isso, não consideram, “por enquanto, necessário a presença permanente de segurança no internamento. As instalações necessitam de melhorias que estão a ser equacionadas para implementação tão rapidamente quanto possível”, pode ler-se ainda.