santa saude mario pinto
Publicidade

Por todo o mundo, também em Portugal observamos aumento das temperaturas que provocam aumento do número das ondas de calor. Desde a década de 70, pelo efeito de estufa, sentimos o país cada vez mais quente. As alterações climáticas tendem a intensificar os fenómenos ambientais e alterar os padrões meteorológicos.

As ondas de calor são um fenómeno meteorológico que a Organização Mundial Meteorológica (WCDMP-No.47, WMO-TD No. 1071), define como: período de pelo menos seis dias seguidos em que a temperatura máxima diária é superior em 5º ao valor médio.

No interior de Portugal as temperaturas nos próximos dias podem chegar aos 48 graus. As temperaturas altas em Portugal são responsáveis por 0,83% dos óbitos entre 1998 e 2012; é dizer que faleceram em consequência do calor 12 mil pessoas. Nos primeiros 14 dias de junho de 2022, morreram de calor e COVID 28 pessoas por dia, o que corresponde a aumento de mais de 30% em relação ao mesmo período de 2021.

A mortalidade e morbilidade associadas às ondas de calor podem ser prevenidas. Requer a adoção de medidas comportamentais individuais, desenvolvimento de sistemas de alerta, planos de intervenção e redução do stress térmico no ambiente. Incluir a comunidade, nomeadamente as autarquias, instituições de solidariedade social, associações humanitárias, desportivas e culturais, é determinante para o sucesso da prevenção. A educação da população é essencial e incluiu recomendações como procurar locais climatizados para utilização coletiva (museus, cinemas, centros comunitários, transportes, centros comerciais, bibliotecas).

Qual é a população de alto risco e vulnerável ao calor?

Crianças nos primeiros anos de vida, pessoas idosas sobretudo + 85 anos com síndrome de fragilidade, doenças crónicas (cardiovasculares, respiratórias, renais, diabetes, alcoolismo), obesos, acamados e dependentes, doença mental, medicados (diuréticos, anti hipertensores, antiarrítmicos, neurolépticos, antidepressivos), trabalhadores expostos ao sol e calor, sem abrigo, más condições de habitação e de estrato económico mais baixo, atividade física intensa e população urbana. Ondas de calor potenciam doenças crónicas e infeção pela CoVID-19 e o seu agravamento.

Atividades preventivas que podem salvar vidas:

– Aumentar a ingestão de água, ou sumos de fruta natural sem adição de açúcar, mesmo sem ter sede.

– Refeições frias, leves e frequentes (3/3h).

– Doentes crónicos, ou a fazer dieta com pouco sal, ou com restrição de líquidos, devem aconselhar-se com o médico, ou contactar a Linha Saúde 24: 808 24 24 24.

– Evitar bebidas alcoólicas e com elevados teores de açúcar

– Recém-nascidos, crianças, pessoas idosas e doentes, são mais vulneráveis não sentem, ou não sabem manifestar sede – ofereça-lhes água e esteja atento e vigilante.

– Utilize roupa larga, que cubra a maior parte do corpo, chapéu de abas largas e óculos de sol com proteção UVA e UVB.

– Ambientes frescos arejados, pelo menos 2-3 horas/dia.

– Evite exposição direta ao sol, principalmente entre as 11-17 horas.

– Utilize protetor solar, com fator igual ou superior a 30, renove aplicação de 2-2 horas, e após banhos na praia ou piscina.

– Evite atividades que exijam grandes esforços físicos (desportivas e de lazer no exterior).

– Escolha as horas de menor calor para viajar de carro e não permaneça dentro de viaturas estacionadas e expostas ao sol.

– Especial atenção com doentes crónicos, grávidas, crianças, idosos e pessoas com mobilidade reduzida.

– Na gravidez modere a atividade física, evite a exposição direta ao sol e ingira líquidos.

– Seja solidário e compassivo, contacte e acompanhe os idosos e pessoas que vivam isoladas, assegurando a correta hidratação e permanência em ambiente fresco e arejado.

– Se estiver em espaço público climatizado, proteja-se, use máscara e mantenha a distância física.

– Não hesite em pedir ajuda a familiar ou a vizinho no caso de se sentir mal com o calor.

– Informe-se sobre o estado de saúde das pessoas isoladas, idosas, frágeis ou com dependência que vivam perto de si.

– As pessoas idosas não devem ir à praia nos dias de grande calor. As crianças com menos de seis meses não devem ser sujeitas a exposição solar e deve evitar a exposição direta de crianças com menos de três anos.

Mário Pinto – Médico de Medicina Geral e Familiar
Hospital Santa Isabel da SCMMC