Artigo de Maria Liz Coelho, Hospital Rainha Santa Isabel da Santa Casa da Misericórdia do Marco de Canaveses, desde 2021, no âmbito de Ginecologia e Obstetrícia e Médica Interna de Formação Específica em Ginecologia e Obstetrícia no Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, desde 2018.
O “Dia Internacional de Consciencialização” sobre o HPV foi instituído pela International Papillomavirus Society, celebrando-se a 4 de março.
O que é o HPV?
HPV: o vírus do papiloma humano é responsável por uma das doenças sexualmente transmissíveis mais frequentes, afetando cerca de 80% das mulheres sexualmente ativas. Engloba mais de 120 subtipos, que se subdividem em HPV de baixo risco e HPV de alto risco, de acordo com o seu potencial oncogénico.
Como se transmite?
A infeção por HPV decorre essencialmente do contacto direto com mucosa e/ou pele infetada, por via sexual (genital ou oral).
Porque é importante falarmos do HPV?
A infeção persistente por HPV de alto risco poderá ser causa de cancro do colo do útero, vulva, vagina, ânus, pénis e orofaringe. A infeção pelo HPV de baixo risco poderá causar condilomas genitais, conhecidos por verrugas.
O cancro do colo do útero é o 4º cancro mais prevalente nas mulheres a nível mundial e surgem 900 novos casos em Portugal todos os anos. Aproximadamente 100% dos casos de cancro do colo do útero estão relacionados com a infeção por HPV.
Como se previne?
1. Utilização de preservativo: reduz consideravelmente a transmissão do HPV, mas não a evita totalmente (por não cobrir a totalidade da pele da região genital).
2. Reduzir o número de parceiros sexuais.
3. Vacinação: a vacina contra o HPV está integrada no Programa Nacional de Vacinação aos 10 anos de idade, para ambos os sexos. A vacina destina-se à prevenção de lesões pré-malignas e malignas do colo do útero, vulva, vagina e ânus. Previne ainda condilomas ano-genitais. A administração é possível após o início da vida sexual ou após infeção por HPV.
4. Avaliação ginecológica regular: exame ginecológico com realização de teste de pesquisa de HPV (a cada 5 anos) e/ou citologia cervical (a cada 3 anos).
Quais são os sintomas?
A maioria das infeções por HPV são assintomáticas e, em cerca de 90%, transitórias, sobretudo nas mulheres jovens. No entanto, quando o Sistema Imunitário não é eficaz a travar a proliferação do vírus, este pode originar cancros. A doença associada a HPV pode manifestar-se pelo surgimento de condilomas genitais, hemorragia, corrimento, ou dor durante o ato sexual.
Quais são os tratamentos?
A vacina não é eficaz no tratamento de infeção ativa por HPV. Os condilomas ano-genitais podem ser tratados através de aplicação local de determinados fármacos, eletrocoagulação, laser, crioterapia ou remoção cirúrgica. Algumas lesões causadas pelo HPV exigem vigilância regular pelo Ginecologista, e as lesões pré-malignas são removidas cirurgicamente.
Porque é importante rastrear?
O rastreio do cancro do colo do útero permite a deteção de lesões pré-malignas e o seu tratamento numa fase precoce. Está indicado em toda a população feminina, mesmo após vacinação e consiste na colheita do teste de HPV durante o exame ginecológico.
O rastreio é importante e eficaz. Agende consulta com o seu Ginecologista!
Maria Liz Coelho
Hospital Rainha Santa Isabel da Santa Casa da Misericórdia do Marco de Canaveses, desde 2021, no âmbito de Ginecologia e Obstetrícia. Médica Interna de Formação Específica em Ginecologia e Obstetrícia no Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, desde 2018.