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Santa Saúde: Fenómeno de Raynaud. Quando os dedos mudam de cor

Redação

O fenómeno de Raynaud corresponde a uma alteração episódica da coloração das extremidades, normalmente induzida pela exposição ao frio ou stress. É tipicamente descrito como "trifásico" e, geralmente, inicia-se com aparecimento súbito de palidez, seguido de coloração azulada e posteriormente avermelhada após aquecimento.

No entanto, nem todas as pessoas apresentam as três diferentes fases (colorações), podendo apresentar só duas ou inclusivamente apenas uma. Pode iniciar-se num só dedo com posterior extensão aos outros dedos das mãos e/ou pés, de forma simétrica e bem delimitada. Associadamente, pode acompanhar-se de sensação de "formigueiros" na fase pálida ou dor na fase de reaquecimento. As alterações podem durar minutos a horas e são reversíveis com medidas de aquecimento. Em episódios mais graves pode ocorrer ulceração da pele das zonas circundantes.

O fenómeno de Raynaud pode ser considerado primário ou secundário. O primário é o mais frequente (90% dos casos) e ocorre por hiperreatividade vascular inespecífica, sem causa definida, sendo mais frequente no sexo feminino, com idade de início entre os 15 e 30 anos e podendo haver história semelhante em várias pessoas na mesma família. O secundário é mais raro (10% dos casos) e está associado a doença ou causa conhecida de lesão vascular, sendo os episódios mais frequentes e mais graves. Os sinais de alarme para um fenómeno de Raynaud secundário incluem: idade de início mais tardio (após os 40 anos), sexo masculino, crises dolorosas e assimétricas assim como a presença de úlceras digitais.

As doenças reumáticas imunomediadas podem ser causa de fenoméno de Raynaud secundário, sendo as mais frequentes a esclerose sistémica, o lúpus eritematoso sistémico e a dermatomiosite. Geralmente os doentes apresentam outros sinais ou sintomas caraterísticos destas doenças, mas o fenómeno de Raynaud pode ser a manifestação inicial destas patologias. Por isso, é importante a avaliação por um médico Reumatologista e a realização de determinados exames complementares de diagnóstico, como análises sanguíneas com pesquisa de auto-anticorpos e a realização de capilaroscopia do leito ungueal. Dessa forma, é possível realizar o diagnóstico de eventual doença reumática imunomediada ou avaliar o risco de evolução para esse tipo de patologias a longo prazo.

Francisca da Rocha Aguiar - Médica Especialista em Reumatologia e subespecialista em Reumatologia Pediátrica Consulta externa de Reumatologia da SCMMC Unidade de Reumatologia Pediátrica e do Adulto Jovem da Unidade Local de Saúde São João Assistente convidada da FMUP