Muitas vezes se ouve dizer que os adoçantes são mais prejudiciais para a saúde do que açúcar. Mas será mesmo assim, ou será apenas mais um mito da nutrição?
Segundo a Organização Mundial da Saúde o consumo de açúcar deve ser inferior a 10% do valor energético total diário. Sabe-se que a gestão elevada de açúcares está associada ao desenvolvimento de doenças crónicas, nomeadamente, obesidade, Diabetes Mellitustipo 2, doenças cardiovasculares e cancro, o que poderá ter contribuído para o aumento do consumo de adoçantes nos últimos anos.
Os adoçantes ou edulcorantes são aditivos alimentares usados para adoçar os alimentos, substituem o açúcar (sacarose) em alguns produtos com baixo teor calórico, como os refrigerantes, néctares, compotas, iogurtes, etc.
Os edulcorantes podem ser: De origem natural (podem conter valor calórico): frutose, maltose, mel, eritritol, isomalte, manitol, xilitol, sorbitolstévia; Origem artificial: aspartame, acessulfame K, sacarina, sucralose, ciclamato.
Os adoçantes têm papel importante na redução da ingestão calórica quando em substituição do açúcar, contribuindo para maior perda de peso, uma vez que em grande parte dos casos o seu valor calórico é mesmo zero. No que diz respeito ao aumento do risco de cancro não existe associação com a ingestão de adoçantes artificiais, nem mesmo o aspartame. Estes podem interferir com a nossa flora intestinal, apresentando efeito laxante, causando inchaço, dor abdominal e diarreia. A dose recomendada para que não sinta nenhum destes efeitos é de 20g por dia. Ainda assim, o adoçante que poderá interferir mais com a nossa microbiota é o mais “natural” e apelidado de mais saudável. A stevia parece ter maior influência na alteração da nossa população bacteriana intestinal do que outros adoçantes, como o aspartame, acessulfame K, sacarina, sucralose e todos os polióis.
Neste sentido, os adoçantes permitem diminuir o consumo de açúcar e poupar muitas calorias ingeridas, mas o seu consumo deve ser encarado como algo pontual, pois pode alterar o nosso paladar e levar a aumento da procura por alimentos doces.
O ideal será a educação do nosso paladar ao sabor natural dos alimentos, sem que seja necessária a adição de qualquer tipo de edulcorante.
Vânia Fernandes
Nutricionista da Santa Casa da Misericórdia do Marco de Canaveses