sandra martins advogada
Publicidade

“Curiosa por natureza”. Assim se define Sandra Marisa Borsboom, advogada natural da freguesia de Tabuado, Marco de Canaveses. Seguir a profissão nunca foi uma certeza absoluta, até porque “não tinha qualquer ligação familiar” ao mundo da advocacia, mas sempre soube que queria ser “muitas coisas. Há pessoas que querem ser uma coisa, eu quis ser muita. Mas, de facto, acho que tenho um talento nato para a advocacia”.

A primeira vez que se lembra de ouvir a palavra ‘advogada’ foi por uma professora da escola primária “Chamou a minha mãe e disse-lhe: ‘a sua filha tem de ir para advogada, porque quando eu dou um castigo aos meninos, ela vem sempre defendê-los’. Ou seja, o papel daquilo que será defender as pessoas que não se conseguem defender, acho que já estava intrínseco”, recorda Sandra Marisa Borsboom.

sandra marisa borsboom

Anos depois, de várias opções ‘em cima da mesa’, a advogada marcoense garante não se “arrepender nada” da escolha que fez. Após concluir o curso, estagiou no Porto, onde já se encontrava a viver e, em 2010, foi convidada a abrir o primeiro escritório com uma colega sénior. Nesse mesmo ano, conheceu aquele que viria a ser seu marido, um holandês que estava a trabalhar em Portugal, e que a levaria a ter de “tomar uma decisão. A partir de 2011, a minha vida passou a ser entre os dois países. Tenho um escritório no Porto e outros projetos em Portugal e na Holanda. Tudo o que faço tem um pé num lado e no outro”, explica.

A viver numa cidade nos arredores de Haia, Sandra Marisa Borsboom recorda a mudança para um país que é “mais simpático para quem tem família. Por outro lado, estar no centro da Europa traz-nos oportunidades que não temos, da mesma forma, em Portugal. Sair seja de que país for, qualquer pessoa abre os seus horizontes. No entanto, acredito que a riqueza pessoal e profissional vem do motor interno de querer melhorar e expandir. O que fazemos com o que aprendemos é muito individual, não é automático”, sublinha.

sandra marisa borsboom

Mas como diz a expressão ‘nem tudo é um mar de rosas’ e a advogada recorda a necessidade que sentiu em se “adaptar. Trabalhei em multinacionais, dei aulas numa universidade. Tive oportunidade de fazer muitas coisas que não teria tido se não tivesse saído da minha zona de conforto”, garante.

As ideias e os projetos são vários na vida da marcoense que, há cinco anos, iniciou um centro legal (um projeto inovador); em 2019 nasceu o Instituto de Inovação Legal e Tecnológico em Portugal; e nasceu a Câmara do Comércio Países Baixos – Portugal. Dando forma a uma outra paixão, a literacia, foi criada, em 2018, uma Organização Não Governamental –  Humanity a Things. Projetos que foram decisivos para o prémio que recebeu recentemente – “Mulheres nas Empresas” (Woman in Corporate), do Women Changing The World Awards 2023.

sandra marisa borsboom

Esta distinção reconhece mulheres que mudam o mundo e, neste caso, distinguiu “projetos e modelos muitos distintos e inovadores. Quando somos reconhecidos há o sentimento de uma profunda gratidão. Por outro lado, há uma sensação de que aquilo que fazemos está a ser visto por outros e a ser reconhecido pelo valor que tem. Por isso, sei que estou no caminho certo, o que fiz até agora faz sentido e vale a pena. É mais um incentivo, dá um gosto especial”, frisa.

Enaltecendo o prémio, Sandra Marisa Borsboom não esquece “aqueles que dão o seu apoio. Estes prémios não se ganham sozinhos, há pessoas muitos especiais que estão lá a apoiar. Ter orgulho do que as terras produzem, para além dos produtos as pessoas, é importante. Naturalmente, o Marco de Canaveses será sempre a minha casa”, diz carinhosamente.

sandra marisa borsboom
Sandra Marisa Borsboom

De “convicções fortes”, a advogada natural do Marco de Canaveses recorda as origens, que a levaram a ser a mulher que é hoje. “Recordo-me do meu primeiro trabalho. Andava no liceu e insisti com os meus pais para que me deixassem trabalhar. Tenho muito orgulho em dizer que o meu primeiro patrão foi o Belmiro de Azevedo. Durante uns meses, todos os domingos de manhã, tinha reservado o Jornal Expresso para lhe entregar em mão . Era uma pessoa que admirava muito e que acho que é um modelo a seguir”.

Toda a experiência de vida e profissional fizeram-na perceber que “é preciso lutar para se conseguir aquilo que se quer e trabalhar muito. Nada que vale a pena vem logo”.

Ler mais